Ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli Reprodução
"Pedimos (...) uma sentença condenatória" contra Martinelli e outros 12 acusados, disse o promotor Emeldo Márquez no oitavo dia do julgamento contra o ex-presidente (2009-2014).
"Devemos estabelecer que seja imposta a eles a pena máxima" de 12 anos de prisão, estipulada pelo artigo 254 do Código Penal panamenho, acrescentou.
O promotor pediu a absolvição de outros dois acusados neste julgamento conhecido como 'New Business', um dos vários processos abertos contra o ex-presidente por possíveis atos de corrupção durante seu governo.
Martinelli "é autor do crime de lavagem porque depositou e transferiu dinheiro pessoalmente e através de intermediário" a uma conta bancária investigada, "prevendo razoavelmente que tais atos constituíam operações ilícitas", afirmou Márquez.
O ex-presidente criticou o processo contra ele, afirmando nesta quinta, em sua conta no Twitter, que se trata de um "julgamento político arranjado", no qual "a promotoria levou um dia e meio em suas alegações falsas, mas os acusados têm, injustamente, uma hora contada no relógio" para apresentar sua defesa.
"A violação do direito a uma pessoa neste Estado selvagem, chamado Panamá, se torna uma violação ao futuro de todos", acrescentou.
O artigo 254 do Código Penal estabelece que um autor de lavagem de dinheiro "será sancionado com penas de cinco a doze anos de prisão".
A juíza Baloisa Marquínez deve proferir sua sentença em breve. Tradicionalmente, os magistrados panamenhos levam cerca de 30 dias para anunciar suas sentenças.
Causas pendentes
Além disso, o ex-presidente é réu no caso "Blue Apple", uma rede de arrecadação de propinas para agilizar o andamento de contratos durante seu mandato.
Em 2021, o ex-presidente e proprietário de uma rede de supermercados foi absolvido em um julgamento por suposta espionagem a opositores.
Apesar das acusações, o ex-presidente, que lidera algumas pesquisas eleitorais, já realizou os trâmites para se apresentar às eleições de maio de 2024. Martinelli apresentou um atestado médico por uma cirurgia na coluna e não assistiu à audiência.
O processo pelo caso "New Business" (nome de uma das sociedades utilizadas no esquema) é julgado pelo Segundo Tribunal de Ações Penais, na Cidade do Panamá.
Em 23 de maio, na primeira fase do julgamento, a defesa do ex-presidente apresentou vários recursos, rejeitados pela juíza Marquínez.
O MP acusou Martinelli e outras 14 pessoas por comprarem em 2010, supostamente com recursos do Estado, a maioria das ações da Editora Panamá América.
Mas nesta quinta, o promotor Márquez pediu a retirada das acusações contra dois dos 15 réus, afirmando que ambos "não tiveram qualquer tipo de participação" nos crimes investigados.
Beneficiário final
Com parte desse dinheiro, segundo o MP, Martinelli teria adquirido a editora, cujos veículos têm desde então uma linha próxima aos interesses do ex-presidente.
Ao pedir a condenação do ex-presidente, o promotor afirmou que Martinelli era "o beneficiário final" desse esquema.
O ex-presidente assegura que nunca recebeu qualquer valor ilícito e denuncia "uma perseguição política" para evitar sua reeleição em 2024.
"Tudo é ordem de Pillín", tuitou Martinelli nesta quinta, em aparente alusão ao vice-presidente panamenho, José Gabriel Carrizo, pré-candidato do governo às eleições de 2024.
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