Escombros e lixo levados pelas enchentes para as praias de Odesa após danos sofridos na barragem Foto: Oleksandr Gimanov / AFP
"A contraofensiva ucraniana começou", estimam vários observadores, entre eles, o think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, em sua sigla em inglês), que não espera "apenas uma grande operação", mas uma série de ações coordenadas.
"Diante do uso de materiais ocidentais parece que a ofensiva ucraniana está em curso", estima o analista americano Michael Kofman, citado pelo jornal The Financial Times.
Seguindo a linha adotada nos últimos dias, as autoridades ucranianas se mostram muito vagas em relação a suas ações.
Os russos afirmam que repeliram uma ofensiva ucraniana na região de Zaporizhzhia, no sul, e asseguram que as tropas de Kiev tiveram grandes baixas.
Há semanas, Kiev multiplicou as ações surpresa: drones em Moscou, ataques em solo russo, operações de reconhecimento para testar as defesas do inimigo...
Muito está em jogo para a Ucrânia e as autoridades sabem que não terão muitas oportunidades para repelir os russos e recuperar os territórios ocupados no sul e leste do país.
Em Zaporizhzhia, onde os russos dizem ter repelido um ataque, "o front está amplamente fortalecido mas menos que na região de Donetsk. Se chegarem a Melitopol, alcançam um objetivo estratégico, porque corta o front em dois", indicou à AFP o historiador militar francês Michel Goya.
"A primeira linha é composta por pontos de apoio que permitem ver o que acontece, a segunda está orientada a conter um ataque e está bastante minada. Depois fica a artilharia, os primeiros tanques para o contra-ataque e ao final, os reservas, e depois os postos de comando e a logística", detalhou o oficial. Toda esta estrutura ocupa cerca de 30 quilômetros.
Para os ucranianos, "as operações iniciais da contraofensiva poderiam ser as mais difíceis e as mais lentas", segundo o ISW.
"Contratempos iniciais estão previstos" até que consigam romper as linhas de defesa, que os russos estabeleceram e consolidaram há meses.
"Para mim é difícil pensar que um dos beligerantes possa impor vantagem sobre o outro", afirmou uma fonte de um serviço de inteligência ocidental.
A propaganda de ambos os lados vai entrar em ação e será impossível, por um tempo, avaliar se foi bem-sucedida ou um fracasso.
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