Milhares de manifestantes protestam contra as reformas promovidas pelo governo do esquerdista Gustavo Petro, que estão sendo debatidas sem maioria no CongressoAFP
Milhares protestam na Colômbia contra reformas do governo de Petro
Presidente chegou ao poder com uma ambiciosa bateria de mudanças para os sistemas de saúde, trabalhista e previdenciário
Milhares de pessoas protestam, nesta terça-feira, 20, nas principais cidades da Colômbia, contra as reformas impulsionadas pelo governo do esquerdista Gustavo Petro, que são debatidas sem maioria no Congresso.
Vestidos de branco e agitando bandeiras do país — com as cores amarela, azul e vermelha —, os manifestantes tomaram as ruas de Bogotá, Medelín, Cali, Barranquilla e outras capitais de departamentos entoando lemas contra o governo de Petro, o primeiro de esquerda da história do país.
No centro da capital colombiana, milhares de pessoas caminhavam para a Plaza de Bolívar, próxima à sede presidencial e ao Congresso, onde as reformas do governo estão sendo discutidas.
"Vão destruir a aposentadoria e a saúde. Tem sido um governo cego, surdo e mudo. (...) Vejo que vive em um avião poluindo o meio ambiente que tanto o preocupa", disse à imprensa a senadora de extrema direita María Fernanda Cabal, em meio à manifestação em Cali.
No poder desde agosto, Petro apresentou ao Legislativo projetos para reduzir a participação privada no sistema de saúde, redistribuir as terras improdutivas, reformar as leis trabalhistas, à Previdência e a Justiça, desarmar as organizações ilegais, levar o país em direção às energias limpas, entre outras reformas, mas não conta com votos suficientes.
Alguns partidos tradicionais que apoiaram o início de seu mandato começaram a lhe dar as costas. O presidente também enfrenta um dos piores escândalos políticos de seu governo, sob investigação por um caso de escutas ilegais e suposta corrupção no financiamento de sua campanha presidencial.
O autointitulado "governo da mudança" é criticado por recorrer a práticas políticas antigas. Segundo a mais recente pesquisa da empresa Invamer, a aprovação passou de 50% em novembro para 34% em maio.
A autodenominada "Marcha das Maiorias" foi convocada pela oposição e por ex-militares e policiais aposentados.
Muito popular por seu combate às guerrilhas em meio ao prolongado conflito interno, a força pública não se fazia ouvir abertamente na política colombiana. Mas a chegada de um opositor de esquerda e ex-rebelde ao poder mudou a situação.
Petro, um ex-guerrilheiro que se rebelou em armas nos anos 1970 contra o Estado antes de assinar a paz em 1990, não reagiu às manifestações contra seu governo.
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