Famosa placa de Hollywood localizada na cidade de Los AngelesPixabay

Os atores de Hollywood aguardam ansiosamente a decisão de seu sindicato sobre entrar ou não em greve durante o verão americano, uma temporada importante para a indústria com as estreias de filmes de grande sucesso.

O Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) já concordou em prorrogar as negociações com estúdios e plataformas de streaming, que solicitaram a ajuda de mediadores da esfera federal para desbloquear o impasse sobre salários e outros benefícios.

Se as partes não chegarem a um acordo antes da meia-noite desta quarta-feira em Los Angeles (4h00 de quinta, no horário de Brasília), quando o prazo da prorrogação expira, os atores se unirão aos roteiristas, que estão em greve há mais de dois meses.

O "golpe duplo", algo que não se vê em Hollywood há mais de 60 anos, poderia paralisar quase toda a produção cinematográfica e televisiva nos Estados Unidos.

Enquanto a indústria tenta se recuperar dos anos difíceis da pandemia, a paralisação pode impedir que as estrelas promovam alguns dos lançamentos de verão altamente aguardados, como "Oppenheimer", de Christopher Nolan, que tem sua pré-estreia nos Estados Unidos programada para a próxima segunda-feira.

A Comic-Con, grande evento da cultura pop que acontecerá em San Diego na próxima semana, também pode ficar sem estrelas, enquanto o evento com tapete vermelho programado para o fim de semana na Disneylândia para lançar o novo filme "Mansão Mal-Assombrada" pode ser reduzido a um "ato privado com os fãs".

A preocupação em Hollywood é tanta que poderosos executivos de agências procuraram os líderes do sindicato para ajudar nas negociações. O SAG, que reúne 160 mil artistas, aprovou com antecedência uma ação de peso na ausência de acordo.

Embora a greve dos roteiristas tenha reduzido drasticamente o número de filmes e shows em produção, uma greve dos atores poderia bloqueá-los quase por completo. Alguns reality shows, talk shows e animações poderiamm continuar.

O canal Fox anunciou na terça-feira uma programação de outono (hemisfério norte, primavera no Brasil) repleta de reality shows e game shows, como "Kitchen Nightmares" e "Lego Masters".

Mas as séries e outros programas que deveriam retornar à televisão este ano enfrentarão atrasos. E se as greves prosseguirem, grandes produções do cinema também entrarão em hiato.

Até mesmo o Emmy, programado para 18 de setembro, pode ser adiado para novembro ou para 2024. Uma greve de atores implicaria em um boicote à cerimônia por parte das estrelas.

Demandas contratuais
Em caso de fracasso nas negociações, esta será a primeira vez que atores e roteiristas de Hollywood entrarão em greve simultaneamente desde 1960, quando Ronald Reagan, ator e futuro presidente dos Estados Unidos, liderou uma ação que acabou obrigando os estúdios a aceitar concessões.

Assim como os roteiristas, que estão em greve há 11 semanas, os atores exigem salários mais altos para enfrentar a inflação, além de garantias para o futuro.

Além dos salários quando estão trabalhando, os atores recebem pagamentos chamados de "residuais" toda vez que um filme ou programa que eles estrelaram é exibido em uma emissora ou na TV a cabo - uma renda particularmente útil quando os artistas estão entre vários projetos.

Hoje, porém, plataformas como Netflix e Disney+ não divulgam os dados de audiência de seus programas e oferecem um valor fixo para tudo que está disponível em seus catálogos, sem considerar a popularidade de uma produção.

Para dificultar ainda mais o cenário, há a questão da Inteligência Artificial (IA). Atores e roteiristas querem garantias de que seu futuro uso será regulamentado, mas os estúdios até agora se recusaram a ceder.