Pequim - O emissário do clima dos Estados Unidos, John Kerry, e o seu homólogo chinês, Xie Zhenhua, reuniram-se nesta segunda-feira (17) em Pequim, retomando o diálogo entre os dois países que mais poluem o planeta.
Kerry e Xie se reuniram por quatro horas na manhã desta segunda-feira, informou a televisão pública chinesa CCTV, sem revelar mais detalhes sobre o encontro.
Após a reunião, o governo chinês afirmou que "a mudança climática é um desafio comum enfrentado por toda a humanidade".
A China "trocará pontos de vista com os Estados Unidos sobre questões relacionadas à mudança climática e trabalhará em conjunto para enfrentar os desafios e melhorar o bem-estar das gerações atuais e futuras", declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
O diálogo sobre o tema foi interrompido há quase um ano, quando a China o suspendeu para protestar contra a visita a Taiwan de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.
Na véspera da retomada do diálogo, os Estados Unidos enviaram uma mensagem firme.
John Kerry pedirá à China que "não se esconda atrás da alegação de que é um país em desenvolvimento" para diminuir seu compromisso com a mudança climática, disse o conselheiro de Segurança Nacional da presidência americana, Jake Sullivan, ao canal CNN.
- "Responsabilidade" - "Todos os países, incluindo a China, têm a responsabilidade de reduzir as emissões", disse Sullivan.
"E o mundo, acredito, deveria intensificar e encorajar - na verdade, pressionar - a China a tomar medidas mais drásticas para reduzir as emissões", acrescentou.
A segunda maior economia do mundo "tem mais trabalho a fazer nessa frente" e Kerry "insistirá nisso quando estiver em Pequim", acrescentou.
A viagem de Kerry a Pequim - até quarta-feira - ocorre logo após duas outras visitas de alto nível de autoridades americanas com o objetivo de estabilizar as relações entre EUA e China: o secretário de Estado, Antony Blinken, e a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Esta visita de Kerry, a terceira desde a sua nomeação em 2021, ocorre em um momento de forte impacto das mudanças climáticas no planeta, com ondas de calor significativas em várias regiões do mundo. Há semanas, Pequim registra temperaturas próximas a 40 graus.
A administração do presidente americano Joe Biden identificou o clima como uma área de possível cooperação com Pequim, apesar das tensões existentes em outros assuntos.
Para isso, optou por uma pessoa-chave, já que o ex-secretário de Estado John Kerry mantém uma relação bastante cordial e ininterrupta com a China.
- "Determinação comum" - "A visita de Kerry e a retomada das negociações sobre o clima ressaltam a importância crucial de coordenar esforços para enfrentar a crise climática", afirma Chunping Xie, principal pesquisador do Grantham Research Institute on Climate Change and the Environment.
"Também demonstra sua determinação compartilhada de navegar por uma complexa relação geopolítica para promover o bem comum", acrescentou à AFP.
A China, o maior emissor mundial de gases de efeito estufa - responsável pelas mudanças climáticas - prometeu atingir seu pico de emissões de CO2 em 2030 e depois a neutralidade de carbono em 2060.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que seu país reduzirá o recurso ao carvão a partir de 2026.
"Em termos de resultados concretos, uma coisa que espero que avance é o plano de ação de metano", disse à AFP Lauri Myllyvirta, analista principal do Centro de Pesquisa de Ar Limpo e Energia.
O metano foi o principal tema do acordo na declaração conjunta dos dois países após as negociações climáticas realizadas em Glasgow, em 2021.
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