China e Rússia estão competindo pela influência global com potências como Estados Unidos e União EuropeiaAFP
Para o Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb) da Universidade Federal do ABC, a cúpula deste ano foi motivada, entre outros fatores, pela guerra na Ucrânia e pela crescente influência chinesa no continente latino-americano e caribenho. Pelo lado da Celac, a maior integração com o continente europeu é importante para promover a industrialização de matérias-primas, agregando valor às exportações da região, avalia o pesquisador do Observatório da Federal do ABC Bruno Fabricio Alcebino da Silva.
O especialista destaca que a guerra no leste europeu revelou a vulnerabilidade do continente em relação à Rússia, levando a União Europeia “a acelerar processos de inserção internacional em regiões onde havia perdido terreno, renovando o interesse em estabelecer uma nova agenda com a América Latina”. Para o especialista em relações internacionais, a crescente influência econômica da China na América Latina também estimulou o reagrupamento dos continentes em torno da cúpula.
“A Cúpula Celac-União Europeia pode refletir a crescente importância de uma ordem mundial multipolar, na qual os países e regiões buscam diversificar seus parceiros e fortalecer relações fora de seus blocos regionais tradicionais”, explica o pesquisador, para quem a cúpula pode institucionalizar as relações entre os blocos por meio de encontros regulares.
Nova ordem mundial
“O Brasil pode explorar sua posição como uma economia emergente, com recursos naturais abundantes e uma população diversificada, para atrair investimentos estrangeiros, expandir o comércio e promover a cooperação em áreas-chave, como tecnologia, energia e infraestrutura”, opinou.
Bruno acrescentou que é importante os países atuarem em bloco, como estão fazendo por meio da Celac, uma vez que “fortalece a posição e a influência dos países latino-americanos diante das potências globais”.
Recursos naturais
“A disponibilidade de recursos naturais nos países latinos de fato é muito atraente para eles. O lítio, mineral abundante no continente, é essencial para a produção de componentes eletrônicos e as fontes de energia presentes na região latina despertam forte interesse, como a energia eólica, solar e o despontar do hidrogênio verde. Sem falar da extração de petróleo com o pré-sal e do gás natural em grande quantidade e baixo valor como podemos observar com o Gasbol (parceria entre Brasil e Bolívia)”, explicou.
Industrialização
“Esses países não podem exportar minério, eles precisam fazer a transformação (dos minerais) no seu país para poder ter indústria, para poder gerar emprego, para poder melhorar a capacidade de rentabilidade do país”, afirmou o presidente Lula.
“Agora, qual é o nosso discurso na União Europeia? Então, agora nós queremos que vocês (europeus) financiem a construção das fábricas que nós precisamos para fazer esse processo de transformação”, completou Lula, que defendeu que os países mais pobres e que têm minérios usem esse momento histórico para conquistar concessões mais robustas dos países mais desenvolvidos.
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