País com maior apoio à democracia é o Uruguai, com 69%, seguido da Argentina, com 62%AFP
"A democracia, longe de se consolidar, entrou em uma recessão" na América Latina, advertiu a socióloga Marta Lagos, diretora da corporação Latinobarómetro, ao apresentar os resultados da pesquisa realizada com 19.205 pessoas em 17 países da região.
O estudo mostra que apenas 48% dos latino-americanos apoia hoje a democracia como regime político, marcando uma diminuição de 15 pontos percentuais dos 63% de 2010.
Já o apoio ao autoritarismo subiu. A pesquisa aponta que 17% dos latino-americanos apoia a expressão "um governo autoritário pode ser melhor", frente aos 15% de 13 anos atrás.
A pesquisa foi feita entre 20 de fevereiro e 18 de abril e tem uma margem de erro de 3%.
Déficit de democratas
"A Argentina está em uma ótima situação, muito melhor do que aparenta na opinião política e na crise econômica. De acordo com esses dados, nenhum populista poderia ser eleito na Argentina", disse Marta Lagos.
O país terá eleições gerais em 22 de outubro.
Já o México, a Republica Dominicana, a Guatemala e o Paraguai são as nações que mais se inclinam ao autoritarismo junto com o Peru e a Costa Rica
A pesquisa mostra que 43% de pessoas entre 16 e 25 anos apoia a democracia, enquanto entre os maiores de 61 o apoio chega a 55%, em uma diferença de 12 pontos percentuais.
"Os regimes políticos não estão produzindo democratas na região", aponta o relatório.
Apesar das sucessivas crises econômicas na América Latina terem influenciado nessa diminuição, o fator mais importante é "a deficiência da democracia em produzir bens políticos que a população pede", como a igualdade perante a lei, a dignidade e a justa distribuição da riqueza, aponta o estudo.
Atualmente, na região, há 21 ex-presidentes condenados por casos de corrupção e 20 não terminaram o mandato desde 1978, acrescentou o Latinobarómetro.
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