Desde abril, Banco dos Brics é presidido pela ex-presidente brasileira Dilma RousseffAFP
Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram na Cidade do Cabo em uma conferência de dois dias, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo.
"Nossa reunião deve enviar uma mensagem firme de que o mundo é multipolar, está se reequilibrando e que as velhas formas não servem para lidar com as novas situações", disse o chefe da diplomacia indiana, Subrahmanyam Jaishankar, em seu discurso de abertura.
A invasão russa da Ucrânia tem isolado amplamente a Rússia da comunidade internacional, levando-a a fortalecer seus laços com a China e outros países, incluindo a África do Sul.
Segundo Lavrov, o assunto foi discutido com o chanceler saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, em sua visita à Cidade do Cabo.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, apontou que Pequim é favorável à ideia de expansão do bloco. "Esperamos que mais países se juntem à nossa grande família", disse Ma em coletiva de imprensa.
As conversas precedem uma cúpula de chefes de Estado prevista para agosto, que se tornou um problema para o país anfitrião, a África do Sul, devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin.
Putin é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de que a Rússia deportou ilegalmente crianças ucranianas.
Em tese, a África do Sul, membro do TPI, deveria deter Putin se ele colocasse os pés no país.
Ao ser questionada sobre a possível visita do presidente russo, Pandor brincou com o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, perguntando: "Você fica acordado à noite pensando nisso?".
Em frente ao hotel onde ocorreu o encontro, uma dúzia de manifestantes com bandeiras ucranianas e trajes tradicionais entoavam "Parem Putin! Parem a guerra!".
De qualquer forma, segundo Pandor, a visita de Putin não foi discutida nas reuniões e as conversas se centraram no potencial uso de outras moedas além do dólar americano para o comércio internacional.
Também falaram, acrescentou a ministra sul-africana, do fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco dos Brics, que desde abril é presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.
O governo sul-africano afirma desejar manter neutralidade em relação à guerra, mas tem sido criticado por se aproximar do Kremlin e defende que os Brics atuem como contrapeso a uma ordem internacional dominada pelo Ocidente.
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