Presidente da Nicarágua, Daniel OrtegaAFP
Nicarágua avalia adotar sistema de pagamento da Rússia para driblar sanções de EUA e UE
Ministro do país também defendeu a entrada da Nicarágua nos Brics
O ministro da Fazenda da Nicarágua, Iván Acosta Montalván, afirmou que seu país avaliar seguir o exemplo de Cuba e adotar o sistema de pagamento russo Mir em oposição ao Swift como forma de driblar as sanções ocidentais, que chamou de coercitivas. Declaração foi feita durante entrevista ao site russo Sputnik. O ministro também defendeu a entrada de seu país nos Brics como forma de se contrapor aos Estados Unidos.
"Defendemos o desenvolvimento de plataformas como o sistema de pagamento Mir da Federação Russa", disse o ministro. Ele acrescentou que as sanções dos Estados Unidos e aliados eram medidas "coercitivas, ilegais e injustas. "Diante disso, temos todo o direito de utilizar as melhores medidas do ponto de vista de sistemas de pagamentos. Estamos avaliando o Mir, mas também outros sistemas que nos permita neutralizar e derrotar essas agressões".
Na mesma entrevista, Montalván defendeu o fim do monopólio dos sistemas de pagamentos e de moedas, citando diretamente os EUA, pois, segundo ele, isso permitiria a esses países utilizar esses monopólios como ferramentas de guerra.
O ministro já havia defendo o uso do Mir em declarações anteriores na mídia russa, como quando falou à agência TASS em setembro de 2022. "Agora estamos considerando várias questões de cooperação na área de finanças. Ainda não tenho certeza de como o sistema Mir funciona. Estamos analisando essas questões. Estamos abertos a várias possibilidades de câmbio bancário e financeiro", disse na época.
O Mir foi adotado em 2017 para superar possíveis bloqueios por sanções ocidentais. Cuba já começou a implementar o sistema em caixas eletrônicos, enquanto a Venezuela está considerando a opção. Em contraste, os bancos na Turquia pararam de usar esses cartões para evitar possíveis sanções dos EUA.
Montalván também defendeu a entrada da Nicarágua nos Brics, grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Temos o direito legítimo de sermos membros do projeto", disse, complementando que o grupo impõe uma alternativa à hegemonia do Ocidente.
"É um sinal muito importante para os povos do mundo, fundamentalmente para os povos do Sul Global, de que há outros caminhos para o desenvolvimento, há outro modelo, outra forma de construir relações econômicas e políticas", destacou o ministro, reiterando que "o Brics é a opção mais importante deste momento, a opção do século XXI".
A Nicarágua se aproxima cada vez mais da Rússia conforme ambos os países recebem sanções dos países ocidentais. Na última cúpula Celac-UE, realizada em 17 e 18 de julho, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, criticou a presença do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, chamando-o de "nazista".
"Nesta reunião da União Europeia com a Celac, queriam incluir o fascista, o presidente nazista da Ucrânia, que ele estivesse lá" e depois apresentar uma declaração sem consenso sobre a Ucrânia, disse em um discurso no principal evento de comemoração dos 44 anos do triunfo da revolução sandinista.
A Nicarágua é alvo de sanções dos Estados Unidos e da UE devido ao tratamento reservado aos opositores desde os protestos de 2018. Ortega alega que os protestos foram uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington.
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