Vice-presidente da Argentina, Cristina KirchnerReprodução da internet

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, apresentou nesta terça-feira, 8, à Corte Suprema de Justiça um pedido de anulação por adulteração de provas do chamado "caso dos cadernos", que supostamente envolveria atos de corrupção em seu governo (2007-2015).
A defesa de Kirchner requereu ao alto tribunal que solicite uma cópia das perícias realizadas em outro processo, um desdobramento deste caso, que apresentaram alterações e rasuras em pelo menos três dos oito cadernos existentes, informou uma fonte judicial.
A acusação teve como base cadernos que Oscar Centeno, um motorista do Ministério do Planejamento, supostamente manuseou durante anos, nos quais anotava percursos, nomes de funcionários e de empresários, e valores em dinheiro que seriam fruto de corrupção.
O chamado "caso dos cadernos", no qual a principal acusada é a ex-presidente, passou em 2019 para a fase de julgamento, mas ainda não há uma data para a sua realização.
As perícias em três dos oito cadernos foram realizadas por ordem do juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi, dentro de um processo derivado do caso principal e a pedido do empresário Armando Loson.
Loson foi um dos acusados de corrupção por estar citado nas anotações, o que ele rechaçou e pediu os estudos periciais.
Segundo essas perícias, várias dessas alterações e rasuras foram feitas pelo ex-policial Jorge Bacigalupo, um amigo do ex-motorista e a quem este entregou os cadernos para que guardasse. No entanto, o ex-policial acabou emprestando os cadernos para um jornalista, cuja denúncia levou à abertura do caso na Justiça.
Os advogados de Kirchner, Carlos Beraldi e Ary Llernovoy, pediram à Corte que junte no processo o resultado das perícias e declare a nulidade do caso, "além das medidas que devem ser adotadas em relação aos responsáveis por esses gravíssimos episódios", diz o texto.
A defesa menciona em seu pedido dois estudos periciais, um feito por peritos da Polícia Federal Argentina e o outro por especialistas da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Cristina Kirchner foi condenada em 2022 a seis anos de prisão e inabilitação política perpétua por "administração fraudulenta" na concessão de obras viárias durante o seu mandato como presidente. Ela recorreu da sentença, que tachou de perseguição política.