Xi Jinping, presidente da República Popular da ChinaAFP
O Ministério de Relações Exteriores chinês disse na segunda-feira, 4, que o primeiro-ministro Li Qiang representará o país na cúpula de líderes das principais economias mundiais em Nova Délhi neste fim de semana, confirmando de fato a ausência do presidente Xi.
Pequim não explicou os motivos da decisão de Xi, que não faltou a nenhuma destas cúpulas desde sua chegada ao poder, com exceção de Roma em 2021, da qual participou por videoconferência devido às restrições da covid.
Sua possível ausência contrasta com seu protagonismo em agosto na cúpula do grupo Brics de economias emergentes na África do Sul, na qual a admissão de novos membros foi aprovada.
Ao priorizar os laços com o mundo em desenvolvimento, Pequim tenta "criar uma alternativa (...) à ordem internacional liberal dominada pelos Estados Unidos desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse Steve Tsang, diretor do SOAS China Institute na Universidade de Londres.
Este realinhamento "é amigável para a China, mas sinocêntrico, já que busca e consolida apoio no Sul Global", disse. "O G20 (...) não é algo que a China possa dominar, por isso tem menos prioridade", acrescentou Tsang.
A ausência no G20 também mina as esperanças de novos intercâmbios com as potências ocidentais depois do papel central assumido por Xi na última cúpula de novembro na ilha indonésia de Bali.
Tensões com a Índia
Pequim e Nova Dhéli enfrentam uma disputa há décadas na fronteira com o Himalaia, o que desencadeou distúrbios mortais nos últimos anos.
A Índia também demonstrou "maior oposição às reivindicações da China sobre o mar da China Meridional... e intensificou as suas restrições e proibições às exportações de tecnologia da China e ao investimento direto", disse Shi Yinhong, professor de Relações Internacionais na Universidade Renmin da China em Pequim.
Também estava previsto para este G20 um encontro entre Xi e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que na semana passada disse que ficaria "decepcionado" se o seu homólogo chinês não comparecesse.
Mas a perspectiva "cada vez mais clara" de uma reunião em São Francisco em novembro, durante a cúpula da Apec, pode ter tornado a participação de Xi no G20 "menos imperativa", disse Shi.
Sem explicações
O Partido Comunista chinês raramente revela informações sobre seus líderes. Este sigilo foi deixado em evidência várias vezes recentemente.
O ex-ministro de Relações Exteriores, Qin Gang, foi afastado do cargo repentinamente em julho e não foi visto em público desde então.
Na cúpula dos Brics, Xi não se apresentou para um discuRso que havia programado e enviou seu ministro do Comércio.
Tsang, do SOAS Institute, indica um possível problema de saúde de Xi, de 70 anos, além do desejo de "mais controle e sigilo" no processo de impulsionar a "direção totalitária" da China.
Um diplomata de outro país do G20 disse à AFP que o presidente chinês pode querer evitar questões difíceis sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, que Pequim não condenou. "O imperador não quer que lhe façam perguntas inconvenientes", disse ele.
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