Presidente ucraniano, Volodimir ZelenskyAFP

A preocupação com a continuidade da ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia foi o centro de uma cúpula que reuniu cerca de cinquenta líderes europeus, incluindo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na cidade espanhola de Granada.

O encontro nesta cidade andaluza coincidiu com um bombardeio que deixou pelo menos 51 mortos em um vilarejo no leste da Ucrânia.

Zelensky atribuiu o massacre a um "ataque terrorista totalmente deliberado" por parte da Rússia e enfatizou a necessidade de "fortalecer a defesa aérea" ucraniana.

Na noite desta quinta-feira, o presidente ucraniano afirmou que suas demandas foram bem recebidas pelos aliados europeus.

"Teremos mais defesa aérea. Os acordos são claros. Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido, obrigado!", escreveu Zelensky nas redes sociais.

A Alemanha indicou à noite que fará "todo o possível" para que "a Ucrânia possa proteger-se".

Mas cedo, Berlim informou que está trabalhando para fornecer à Ucrânia um novo sistema americano de defesa antiaérea Patriot.

Por outro lado, a Eslováquia, país-membro da UE e da Otan, afirmou que está congelando suas decisões sobre o apoio militar à Ucrânia enquanto aguarda a formação de seu novo governo, após o sucesso eleitoral de partidos contrários à ajuda à ex-república soviética, que enfrenta a invasão russa desde fevereiro de 2022.

EUA insubstituível
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, lembrou que o bloco está estudando um novo pacote de 50 bilhões de euros (273 bilhões de reais, na cotação atual) para apoiar Kiev até 2027, mas alertou que os Estados Unidos são insubstituíveis como o principal fornecedor de armas.

"Será que a Europa pode substituir os Estados Unidos? Evidentemente, a Europa não pode", disse Borrell durante esta terceira cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), que reúne os chefes de Estado ou governo dos 27 membros da UE, além de outros 20 países, como Reino Unido, Suíça e os Bálcãs.

O futuro do suporte americano à Ucrânia ficou incerto desde a paralisação das atividades no Congresso dos EUA, após a destituição do líder republicano da Câmara dos Representantes por uma revolta da ala à direita de seu partido, contrária ao envio de fundos a Kiev.

Agora, o Congresso tem pouco mais de um mês para votar um novo orçamento e decidir se aprova um novo repasse para a Ucrânia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu que é "extremamente importante" continuar apoiando a Ucrânia.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, para quem a ofensiva militar é, sobretudo, uma resposta à "hegemonia" das potências ocidentais, declarou que seu país tem a missão de "construir um novo mundo".

Queda do enclave armênio
Outro assunto quente no Velho Continente são as tensões entre Armênia e Azerbaijão, que reconquistou o enclave de Nagorno-Karabakh no mês passado, levando ao êxodo da maioria da população, de origem armênia.

Esperava-se um encontro em Granada entre o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinian, e o presidente azeri, Ilham Aliyev, que acabou cancelando sua viagem.

De qualquer forma, o Azerbaijão expressou disposição para negociar com a Armênia com a mediação da União Europeia. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, revelou que convidou Aliyev e Pashinian a Bruxelas no final de outubro.

Putin, por sua vez, considerou a ofensiva-relâmpago do Azerbaijão em Nagorno-Karabakh "inevitável".

Migração
A migração é mais um tema que está causando atritos na Europa, que enfrenta uma nova onda migratória.

Os países da UE chegaram a um acordo na quarta-feira com o objetivo de organizar uma resposta coletiva à chegada de um grande número de migrantes.

No entanto, enquanto aguardam a concretização da complicada reforma do sistema de migração europeu, Itália e Reino Unido estão pressionando para agir o mais rápido possível.

"Combater a migração ilegal é um desafio compartilhado na Europa. As cifras estão disparando. E eu acredito, assim como outros líderes europeus, que devemos ser nós e não as máfias quem decide quem vem para nossos países", declarou o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, à AFP.