O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, identificou as libertadas como Yocheved Lifschitz, de 85 anos, e Nourit Kuper, 79, ambas de nacionalidade israelense e originárias do kibutz Nir Oz, onde foram sequestradas juntamente com os maridos, que ainda são mantidos reféns.
"Depois de terem sido devolvidas às forças israelenses, dirigem-se atualmente para um centro médico em Israel especialmente preparado para acolhê-las", afirmou, em um comunicado, o gabinete de Netanyahu, que agradeceu ao Egito e à Cruz Vermelha por sua contribuição para a libertação.
Lifshitz e seu marido, o jornalista Oded Lifshitz, são veteranos ativistas da paz e dos direitos humanos que costumavam transportar palestinos doentes de Gaza para tratamento médico em Israel, segundo a família.
"Embora me faltem palavras para expressar meu alívio por saber que estão a salvo, continuo concentrada na libertação do meu pai e das 200 pessoas inocentes, ainda retidas em Gaza", disse, em nota, a filha de Yocheved, Sharone Lifschitz, de nacionalidade britânica.
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Mataram e sequestram sem fazer distinção
Em entrevista coletiva após ser liberada, ela afirmou que os agressores “enlouqueceram” depois de romperem a cerca de segurança e "mataram e sequestraram velhos e jovens sem distinção". Lifshitz foi amarrada a uma motocicleta e levada para Gaza.
“Enquanto andávamos, o motociclista me bateu com uma vara de madeira. Não quebraram minhas costelas, mas doeu muito nessa região, dificultando a respiração. Eles roubaram meu relógio e minhas joias", contou a israelense, que precisou do auxílio de uma cadeira de rodas para conversar com os jornalistas.
A idosa revelou que estava em um grupo de 25 pessoas levado para o subsolo e trancafiado em um grande salão, escondido dentro de uma teia de túneis. Segundo ela, os guardas alimentavam os prisioneiros com o mesmo tipo de comida que comiam, e um médico visitava diariamente a todos para fornecer medicamentos e tratamento, inclusive para um refém ferido em um acidente de moto.
“Eles estavam muito preocupados com a higiene e preocupados com um surto de alguma coisa. Tínhamos banheiros que eles limpavam todos os dias", afirmou Lifschitz. Ela ainda acusou as forças de segurança de Israel de ignorarem as evidências de que o Hamas estava preparando um ataque, pois "há três semanas, massas chegaram à cerca, mas a IDF não levou a sério e deixou a populçação à própria sorte.”
Liberadas por razões humanitárias urgentes
O porta-voz do braço militar do Hamas, Abu Obeida, afirmou que as duas reféns foram libertadas "por razões humanitárias urgentes", graças à mediação do Catar e do Egito. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou que facilitou a libertação das reféns.
Três dias antes, tinham sido libertadas duas americanas, Judith Raanan e sua filha, Natalie. Imagens exibidas pela emissora egípcia mostram as duas novas libertadas em ambulâncias, assim que chegaram à passagem de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Em um vídeo difundido pelo braço militar do Hamas, as duas mulheres aparecem acompanhadas de membros do movimento, encapuzados e armados, servindo-lhes comida e bebida antes de entregá-las ao pessoal da Cruz Vermelha.
Presidente dos EUA exige liberação dos reféns
O movimento islamista acusou Israel de ter violado "em oito ocasiões os acordos sobre a operação de libertação que haviam sido fechados com os mediadores para que a mesma ocorresse com sucesso".
Segundo autoridades israelenses, mais de 220 cidadãos de Israel, estrangeiros e com dupla nacionalidade foram levados à força para o território palestino por combatentes do Hamas durante o ataque de 7 de outubro.
Na noite desta segunda, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, exigiu a libertação de todos os reféns do Hamas para poder discutir um cessar-fogo entre Israel e o grupo islamista. Segundo Israel, cerca de 1.400 pessoas morreram nos ataques do Hamas, a maioria civis e no primeiro dia. O movimento palestino estima em mais de 5.000 os mortos nos bombardeios a Gaza.
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