Javier Milei, candidato à presidência da ArgentinaAlejandro Pagni/AFP

O candidato libertário Javier Milei, que disputará a Presidência da Argentina com o peronista Sergio Massa no segundo turno de 19 de novembro, ofereceu cargos à esquerda, se chegar ao governo, em busca de somar apoios.
"Nós temos o ministério do Capital Humano e, em alguns aspectos das áreas que entram ali, as pessoas que mais sabem desse tema são de esquerda (...) Se vai trazer uma solução, o que me importa o que pensa sobre a teoria do valor? Pouco me importa", disse o líder do ultradireitista A Liberdade Avança em uma entrevista ao canal La Nación+.
O legislador Gabriel Solano, líder do Partido Operário que integra a Frente de Esquerda Unida, rechaçou a iniciativa. "É um oportunismo absurdo de alguém que disse insistentemente durante um ano que a esquerda é suja", afirmou.
Na segunda-feira, Milei também propôs integrar em seu eventual governo a conservadora Patricia Bullrich, do partido Proposta Republicana (PRO), parte da coalizão de centro direita Juntos pela Mudança, que ficou em terceiro lugar nas eleições de domingo, com 24% dos votos.
"Como não vou incorporá-la, se ela foi bem-sucedida combatendo a insegurança?", disse Milei sobre a ex-ministra de Segurança do governo de Maurício Macri (2015-2019).
Milei havia acusado Bullrich de "colocar bombas em jardins de infância" durante sua militância na juventude no peronismo nos conturbados anos 1970. A ex-candidata o denunciou criminalmente por essas declarações.
Com um discurso contra o que ele chama de "casta política ladra", Milei era o favorito nas pesquisas para o primeiro turno eleitoral de domingo. Mas conseguiu apenas 30% dos votos e ficou atrás do ministro da Economia, Sergio Massa (quase 37%).
O governador da província de Buenos Aires, o peronista Axel Kicillof, um dos principais aliados de Massa, ironizou a busca por alianças de Milei.
"Agora temos um Milei açucarado, assessorado. Também não será útil. Isso de oferecer um ministério para (a ex-candidata esquerdista Myriam) Bergman e Bullrich faz dele um palhaço depois de tudo o que disse", declarou à rádio El Destape.
Massa, por sua vez, lançou-se desde domingo à conquista dos votos da União Cívica Radical (social-democrata), também parte da aliança Juntos pela Mudança.
"Quero me dirigir a esses milhares de radicais que compartilham conosco valores democráticos, como a educação pública e a independência dos poderes. Vou fazer o maior dos esforços nos próximos 30 dias para ganhar sua confiança", disse, após vencer o primeiro turno, no domingo.
Massa também prometeu que, caso se eleja Presidente, fará um governo de unidade.