Secretário-geral da ONU, António GuterresAFP
Secretário-geral da ONU nega ter justificado ataque do Hamas a Israel
Guterres se diz 'chocado' com deturpação de suas declarações
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta quarta-feira (25) que está "chocado" com o que chamou de interpretação equivocada de suas declarações da véspera sobre o grupo terrorista palestino Hamas, que irritaram Israel.
"Estou chocado com as deturpações de algumas das minhas declarações de ontem no Conselho de Segurança, como se estivesse justificando atos de terrorismo do Hamas", disse Guterres à imprensa.
"Ao iniciar minha observações ontem, disse claramente: 'condeno inequivocamente os atos de terrorismo horríveis e sem precedentes cometidos pelo Hamas em Israel em 7 de outubro. Não pode haver justificativa para matar, ferir e sequestrar deliberadamente civis nem para lançar foguetes contra alvos civis", declarou.
Após reafirmar que havia feito referência a "queixas do povo palestino", o secretário-geral da ONU insistiu, entretanto, em que estes apelos "não podem justificar os ataques atrozes do Hamas".
"Acho que era necessário deixar as coisas claras, especialmente para as vítimas e suas famílias", ressaltou ele que, um dia antes, também denunciou as "claras violações ao direito internacional humanitário" em Gaza, sem mencionar Israel.
Na terça-feira, representantes israelenses haviam expressado sua ira com os comentários de Guterres, sinalizando em particular para a parte de seu discurso em que ele disse que os ataques do Hamas "não vieram do nada".
"Senhor secretário-geral, em que mundo o senhor vive?", questionou o ministro israelense das Relações Exteriores, Eli Cohen. "Sem dúvida alguma, não é o nosso mundo", completou.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, pediu a demissão imediata de Guterres, acusando-o de "ser compreensivo com o terrorismo e com os assassinatos" do grupo islamita palestino.
O ataque lançado pelo grupo terrorista Hamas em Israel em 7 de outubro e o contra ataque israelenses na Faixa de Gaza deixaram mais de 1.400 mortos em Israel, segundo autoridades do país, e mais de 6.500 mortos em território palestino, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas. Em ambos os lados, a maioria das vítimas eram civis.
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