Presidente dos Estados Unidos, Joe BidenAFP
O projeto "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba" é, na verdade, uma argumentação para que os Estados em geral evitem recorrer a esse tipo de medidas que afetam as economias dos países de que são alvo.
O texto "reafirma a igualdade soberana de todos os Estados, a não intervenção e não interferência em seus assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação" e pede aos Estados que "se abstenham" de aplicar leis e medidas como o embargo a Cuba.
Além disso, expressa "preocupação com a contínua promulgação e aplicação" de leis como a americana Helms-Burton, vigente desde 1996, que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fazem negócios com Cuba.
Desde 1992, Cuba apresenta todos os anos um projeto de resolução condenando o embargo dos Estados Unidos, que marcou a vida dos cubanos, já que mais de 80% deles nasceram sob as sanções impostas por Washington em 1962 à ilha comunista, que também foi incluída na lista de patrocinadores do terrorismo.
Apesar de, em 2015, sob o governo de Barack Obama, os governos cubano e americano terem iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas, o embargo segue em vigor e é considerado por seus opositores como o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.
A forte repressão do governo cubano às manifestações anti-governamentais, em julho de 2021, que deixou mais de 1.000 detidos e outros forçados ao exílio, não contribuiu para a mudança esperada na administração democrata de Joe Biden, após as políticas rígidas de seu antecessor, Donald Trump.
Obstáculo ao desenvolvimento
Sem o embargo, afirmam, a economia teria crescido 9%. A migração é "um efeito direto da intensificação do bloqueio", alertam em um folheto distribuído à imprensa.
Diante da "severa situação econômica" causada pela pandemia de covid-19, os altos preços do petróleo e os desastres naturais recentes em Cuba, “é inadiável colocar fim a este embargo”, declarou na tribuna a representante do México, Alicia Buenrostro Massieu.
Além do México, vários países individualmente ou em nome de blocos, como a Celac (que reúne América Latina e Caribe), o G77 + China, e o Sica (Sistema da Integração Centro-Americana), defenderam o fim desta "política cruel e anacrônica", como definiu a representante salvadorenha Egriselda López em nome dos centro-americanos.
Para o representante de Uganda, Godfrey Kwoba, que falou em nome do G77 + China, a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo pelo Departamento de Estado americano "não apenas representa um dano reputacional, mas também é um dos principais elementos no recente fortalecimento do embargo".
Os Estados Unidos seriam um dos últimos países a falar, de acordo com a lista de mais de 50 oradores inscritos, antes de proceder à votação do projeto, prevista para a manhã de quinta-feira.
Na mesma tribuna, na Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, chamou o embargo de "cerco real e guerra econômica extraterritorial, cruel e silenciosa".
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