Soldados israelenses atuando em GazaFoto:AFP
No fronte norte, Israel respondeu com bombardeios a uma salva de foguetes lançada do Líbano pelo Hezbollah, outro grupo islamista aliado do Hamas.
"Nossos soldados acabaram de cercar a cidade de Gaza, o centro da organização terrorista Hamas", no poder na Faixa desde 2007, declarou o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari.
"Gaza será uma maldição na história de Israel", disse Abu Obeida, porta-voz das Brigadas Ezzedin al Qassam, o braço armado do Hamas, em uma mensagem de áudio. "Muitos de seus soldados voltarão em sacos pretos", acrescentou, dirigindo-se aos israelenses.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas desde a invasão de combatentes em 7 de outubro que deixou mais de 1.400 mortos, a maioria civis, e levou cerca de 240 reféns a Gaza, de acordo com o balanço oficial do país.
Em retaliação, Israel desencadeou uma campanha de bombardeios incessantes, reforçados por incursões terrestres desde sexta-feira passada, que, segundo o Hamas, resultaram em mais de 9.000 mortes, incluindo 3.760 crianças.
Israel também impôs um cerco quase total a esse território de 362 km² com cerca de 2,4 milhões de habitantes, que foi flexibilizado apenas nos últimos dias para permitir a entrada de suprimentos para uma população privada de água, comida, medicamentos e eletricidade.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou nesta quinta-feira os obstáculos que limitam a chegada da ajuda humanitária. A situação "no terreno em Gaza é indescritível", alertou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O Ministério da Saúde do enclave afirmou que pelo menos 27 pessoas morreram perto de uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabaliya, o maior de Gaza, que também foi bombardeado na terça e na quarta-feira.
Segundo o Hamas, 195 pessoas morreram nos bombardeios em Jabaliya nesses dias, um balanço que a AFP não conseguiu verificar de forma independente.
Israel justificou o primeiro bombardeio ao campo alegando que isso permitiu a eliminação de um dos responsáveis pelo ataque de 7 de outubro.
A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) informou que quatro de suas escolas que abrigavam cerca de 20.000 deslocados foram danificadas nos ataques.
"Esta guerra é a pior"
"Esta guerra é a pior que o povo palestino já viu", disse à AFP Shams Shaath, uma adolescente com passaporte dos Estados Unidos, que aguardava para sair por Rafah.
No total, cerca de 400 pessoas estavam registradas para partir durante o dia, e o Egito indicou que estava se preparando para receber até 7.000 estrangeiros de mais de 60 nacionalidades.
Especialistas independentes das Nações Unidas alertaram nesta quinta-feira que os palestinos enfrentam um "grave risco de genocídio" em Gaza.
Inimigo brutal
Os militares "estão lutando cara a cara com um inimigo brutal", enfatizou.
O exército israelense informou que matou "dezenas" de forças inimigas enquanto "células terroristas (...) disparavam mísseis antitanque, detonavam artefatos explosivos e lançavam granadas".
Israel diz que suas forças atacaram mais de 12.000 alvos até o momento e que cerca de 332 soldados morreram desde 7 de outubro, sendo cerca de 20 deles desde o início das operações terrestres na sexta.
A guerra em Gaza também aumentou as tensões na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967.
Três palestinos e um israelense morreram nesta quinta em vários incidentes, de acordo com o Ministério da Saúde palestino e os serviços de emergência israelenses.
Tensões com o Líbano
"Caças e helicópteros [israelenses] atacaram nas últimas horas alvos da organização terrorista Hezbollah em resposta aos disparos efetuados hoje a partir do território libanês, juntamente com fogo de artilharia e tanques", informou as Forças Armadas em comunicado.
O Hezbollah, apoiado pelo Irã, afirmou que seus combatentes atacaram "simultaneamente 19 posições e pontos militares sionistas com mísseis teleguiados e bombardeios de artilharia".
A troca de disparos ocorre às vésperas de um discurso do líder do grupo islamista, Hassan Nasrallah, que deverá determinar se seu grupo entrará no conflito.
A violência já causou 71 mortes no sul do Líbano desde 7 de outubro, segundo contagem da AFP, a maioria deles combatentes do Hezbollah. Do lado israelense, oito soldados e um civil morreram, apontam autoridades.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu "mecanismos urgentes" para reduzir as tensões na região e anunciou que seu secretário de Estado, Antony Blinken, fará uma visita ao Oriente Médio a partir de sexta-feira.
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