Casa em Berlim é marcada com estrela de Davi em 2023. Método era usado por nazistas para indentificar judeus no Terceiro ReichReprodução/Redes Sociais
Desde o ataque terrorista do Hamas contra Israel, dia 7 de outubro, e a resposta israelense na Faixa de Gaza, casos de antissemitismo e islamofobia cresceram em diversas partes do mundo. Os ataques incluem ameaças, assédio verbal, intimidação e agressões físicas.
No Brasil, o aumento dos casos de antissemitismo é de 1.200%, segundo a Confederação Israelita do Brasil (Conib). O país tem a segunda maior comunidade judaica da América Latina, com 120 mil judeus, mas tem registrado casos como o de cartazes colocados no Rio de Janeiro com a frase: "Judeu, câncer do mundo". As denúncias são registradas em um canal aberto pela Conib e enviadas para a polícia e o Ministério Público.
Segundo analistas, a alta está relacionada a um preconceito enraizado contra as duas comunidades em diversas sociedades. "Costumo dizer que quando vemos uma onda de racismo desencadeada por um fato específico, isso é sinal de que o racismo estava ali antes", declarou Michel Gherman, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessor acadêmico do Instituto Brasil Israel (IBI).
Antissemitismo
As hostilidades têm crescido também no ambiente acadêmico e despertaram a atenção da Casa Branca, que emitiu um comunicado confirmando o "aumento alarmante" de ataques antissemitas em escolas e universidades. Na Universidade de Cornell, uma das mais prestigiadas dos EUA, ameaças de mortes contra judeus foram publicadas na internet após o dia 7.
Na Alemanha, houve o registro de 202 ataques antissemitas. Em ambos países, pichações de estrelas de Davi em apartamentos e comércios judaicos, comuns durante o Terceiro Reich, se multiplicaram. Em Londres, 174 crimes de islamofobia foram registrados entre o dia 7 e o dia 28 de outubro, ante 65 do ano passado.
Para Natalia Nahas, doutora em ciência política e pesquisadora do Núcleo de Trabalho do Oriente Médio e Mundo Muçulmano da USP, os crimes de ódio não contribuem para que ocorra um entendimento do que está acontecendo no Oriente Médio. "Não ajudam em uma maior compreensão das violações de direitos humanos e nem em uma solução negociada. Preocupa que essas linhas continuem a serem ultrapassadas", declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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