Estado de Ohio tem plebiscito nesta terça-feiraKevin Lanceplaine Unsplash
Para os defensores da interrupção voluntária da gravidez, votar "sim" evitará que o Estado interfira em uma "decisão pessoal". Já os críticos votarão "não" para uma lei que "vai longe demais".
Em várias seções eleitorais de Columbus, capital deste estado do norte do país, a afluência de eleitores foi constante.
Entre eles estava o pré-candidato republicano à Presidência Vivek Ramaswamy, de 38 anos, um novato na política e popular entre os conservadores.
"Voto 'não' porque sou pró-vida", disse à AFP. Se a emenda for aprovada, "não seria nada bom para o país", acrescentou.
Julianna Farr, de 74 anos, ao contrário, votou "sim". Sobretudo "como mulher", explicou, para proteger um direito que considera inalienável.
Ambos os lados fizeram uma campanha feroz nesse estado do norte, com milhões de dólares em gastos e voluntários que bateram em milhares de portas para mobilizar os eleitores para sua causa.
Desde que a Suprema Corte anulou a decisão Roe vs. Wade, que garantia o direito federal à interrupção da gravidez, a questão do direito ao aborto recaiu sobre os estados. Muitos restringiram ou proibiram-no, outros reforçaram.
No ano passado, os defensores do direito ao aborto ganharam várias votações de forma sistemática. Isso aconteceu mesmo em estados conservadores, para surpresa dos republicanos, que viram como uma parte dos americanos que não se identifica como progressista considerava muito radicais as restrições impostas por vários estados.
Voto de teste
No último verão (inverno no Brasil), os defensores do aborto conseguiram reunir centenas de milhares de assinaturas para submeter ao voto uma emenda constitucional que consagre esse direito.
A anulação da sentença Roe vs. Wade levou a lei estadual em Ohio para impedir qualquer aborto – mesmo em casos de estupro ou incesto – assim que o batimento cardíaco for detectado no útero, por volta das seis semanas de gestação, quando muitas pessoas ainda não sabem que estão grávidas.
Esta lei está suspensa em meio a uma batalha jurídica. Por enquanto, o aborto permanece legal nesse estado até a 22ª semana.
Mas, no breve período em que a lei esteve em vigor, uma menina de 10 anos que engravidou após um estupro teve de viajar para o estado vizinho de Indiana para fazer o aborto, o que provocou protestos em nível nacional.
A votação termina na noite de terça-feira, mas os eleitores de Ohio votam de forma antecipada há semanas.
A emenda daria a qualquer pessoa "o direito de tomar e executar as suas próprias decisões" sobre aborto, contracepção, tratamentos de fertilidade e cuidados de aborto espontâneo.
Indeciso
O lado oposto nega categoricamente e denuncia a "desinformação".
Alguns moradores ainda estavam indecisos antes do fim da votação.
Matthew Hartman, de 20 anos, estudante da Universidade Estadual de Ohio, explicou à AFP que, como cristão, ele "rezaria" e "pesquisaria" para tomar a decisão certa.
Hartman diz que se inclina para o "sim" porque pensa, em particular, que as mulheres vítimas de estupro não devem ser forçadas a seguir com a gravidez.
O tema do aborto está na boca de todos, enquanto outras duas votações acontecem nesta terça-feira nos Estados Unidos.
O estado conservador de Kentucky elege governador entre o republicano Daniel Cameron e o democrata Andy Beshear – candidato à reeleição – que fez do direito ao aborto o seu cavalo de batalha.
Na Virgínia, com eleições legislativas, uma vitória republicana poderia permitir ao governador Glenn Youngkin tentar impor restrições ao aborto.
Enquanto decide sobre o aborto, Ohio também tem em suas mãos a decisão sobre a regulamentação da cannabis.
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