Guerra entre Rússia e Ucrânia começou no primeiro trimestre de 2022Filippo Monteforte/AFP
Ex-presidiários russos que lutam contra a Ucrânia 'reparam seus crimes com sangue', afirma Kremlin
Dezenas de milhares de presos foram recrutados
Os prisioneiros russos enviados para lutar na Ucrânia "reparam seus crimes com sangue", afirmou nesta sexta-feira (10) um porta-voz do Kremlin em resposta a perguntas sobre o controverso perdão concedido a um homem que assassinou sua ex-namorada.
Dezenas de milhares de ex-presidiários, alguns deles condenados por crimes violentos como assassinato, ou estupro, foram recrutados desde o ano passado nas prisões para lutar vários meses na Ucrânia em troca de anistia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, defendeu essa estratégia depois que circularam na mídia russa relatos de que Vladislav Kanius, um homem condenado a 17 anos de prisão pelo brutal assassinato de sua ex-parceira, foi libertado após ter lutado na Ucrânia.
"As pessoas condenadas, mesmo por crimes graves, reparam seus crimes com sangue no campo de batalha", disse Peskov.
O caso de Kanius gerou comoção, depois que foi revelado que o acusado infligiu 111 ferimentos em sua namorada, uma "tortura" que durou horas.
Segundo Olga Romanova, jornalista exilada que defende os direitos dos prisioneiros e dos ativistas de oposição na Rússia, Moscou recrutou nas prisões 100 mil combatentes.
Essa estratégia foi implementada simultaneamente à mobilização de centenas de milhares de reservistas, em 2022.
A prática, no entanto, pode ser perigosa para a sociedade, quando esses ex-presidiários retornam do "front", alertam as ONGs. Nos últimos meses, a imprensa russa relatou vários casos de presos libertados que cometeram crimes graves.
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