Ambulância da Red Crescent deixa hospital de Al Shifa com bebês prematuros no domingo, 19SAID KHATIB / AFP

Ao menos 12 pacientes e acompanhantes morreram e dezenas ficaram feridos em um bombardeio contra o Hospital Indonésio do norte da cidade de Gaza, anunciou nesta segunda-feira, 20, Ashraf al-Qidreh, porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas.
"O Exército israelense cerca o Hospital Indonésio e tememos que aconteça o mesmo que ocorreu em Al Shifa", acrescentou Qidreh, em referência a outro centro médico que foi esvaziado recentemente.
"Há quase 700 pacientes e profissionais da saúde no Hospital Indonésio", que fica perto do campo de refugiados de Jabaliya, afirmou o porta-voz. "As equipes médicas estão determinadas a permanecer com os pacientes", disse.
O Exército israelense anunciou que está "ampliando as operações para novas áreas da Faixa de Gaza", em particular no setor de Jabaliya. O Hamas insiste que o Exército de Israel trava "uma guerra contra os hospitais", enquanto Israel acusa o grupo terrorista de utilizar os centros de saúde com fins militares.
Nos últimos dias, as tropas israelenses ocuparam o Hospital Al Shifa da cidade de Gaza. Centenas de pacientes, profissionais da saúde e deslocados que buscaram refúgio no hospital foram obrigados a abandonar o local. A estrutura ainda abrigava no domingo mais de 250 pacientes e 20 trabalhadores, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) após uma visita de seus especialistas.
Israel está revistando o enorme complexo em busca de túneis e armas. O governo israelense divulgou no domingo imagens que apresentou como procedentes das câmeras de segurança do Hospital Al Shifa, que mostram reféns capturados em 7 de outubro em Israel por combatentes do Hamas, que rebateu as acusações e afirmou que os reféns foram levados ao local para receber "tratamento médico".
Acordo por reféns
No domingo, 19, o embaixador israelense em Washington, Michael Herzog, disse, em entrevista à emissora americana ABC, que Israel, EUA e Hamas costuram um acordo para libertar mulheres e crianças mantidas reféns em Gaza e a definição deve sair "nos próximos dias". O premiê do Catar, Mohamed bin al-Thani, confirmou que faltam apenas "alguns detalhes".
Nos termos de um acordo detalhado de seis páginas, todas as partes no conflito congelariam as operações de combate durante pelo menos cinco dias, enquanto cerca de 50 sequestrados, de um total de 239 reféns, seriam libertados em lotes a cada 24 horas. A decisão também poderia envolver a libertação de mulheres e crianças palestinas presas em Israel.

Protesto

A interrupção dos combates também permitiria um aumento significativo na quantidade de assistência humanitária vinda do Egito, incluindo combustível. O esboço de um acordo foi elaborado durante semanas de negociações em Doha, no Catar, entre diplomatas de Israel, EUA e representantes do Hamas.

A preocupação com os cativos e com o número crescente de vítimas civis palestinas aumentou a pressão sobre o governo do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Mais de 100 países - incluindo os EUA - apelaram por um cessar-fogo imediato.

Internamente, Netanyahu também sente a pressão das famílias dos reféns. No sábado, uma marcha que reuniu milhares de pessoas chegou a Jerusalém, após cinco dias de caminhada desde Tel-Aviv. O slogan da manifestação foi: "Tragam eles para casa agora". Foi o maior protesto desde os ataques do Hamas, no dia 7 de outubro

"Estamos mais perto de um acordo do que antes de começarmos a ação terrestre", disse Netanyahu à rede CBS, na sexta-feira, 17. "A ação terrestre pressionou o Hamas a alcançar um cessar-fogo. Teremos um cessar-fogo se conseguirmos nossos reféns. Mas não creio que sirva aos propósitos que eu me aprofunde nisso agora." 
*Com informações do Estadão Conteúdo, AFP e agências intenacionais