Troca de reféns por prisioneiros acontece na passagem de Rafah, no EgitoMohammed Abed/AFP
O Exército israelense anunciou que duas reféns foram entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e estavam "a caminho de Israel", acrescentando que mais reféns "serão entregues [...] nas próximas horas".
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, as identificou como Mia Shem, franco-israelense de 21 anos, e Amit Soussana, de 40 anos.
Uma fonte do Hamas informou à AFP que o grupo vai libertar "10 israelenses", dois deles com nacionalidade russa. Em troca, Israel deve libertar mais presos palestinos.
A trégua entre Israel e Hamas, que entrou em vigor em 24 de novembro, devia terminar na manhã desta quinta-feira, após uma primeira prorrogação de dois dias.
Mas as duas partes anunciaram, minutos antes do fim do prazo, sua extensão por mais um dia, até a sexta-feira às 05H00 GMT (02h de Brasília).
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, reuniu-se com os máximos dirigentes israelenses e da Autoridade Palestina para tentar prorrogar a pausa nos combates, que permitiu a libertação dos reféns e dos presos, assim como a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Horas depois de estender a trégua, três pessoas morreram e oito ficaram feridas em um ataque executado por dois palestinos afiliados ao Hamas em um ponto de ônibus no oeste de Jerusalém, segundo a polícia israelense, que acrescentou que os autores do ataque "foram abatidos".
Os combatentes islamistas reivindicaram os disparos e convocaram uma "escalada da resistência".
Dois soldados israelenses ficaram levemente feridos nesta quinta-feira em outro ataque contra um posto de controle na Cisjordânia ocupada, segundo o Exército. O agressor também foi "abatido".
'Esperamos que continue'
Blinken se reuniu depois com Netanyahu, a quem disse ser "imperativo" proteger os civis e "garantir as necessidades humanitárias" em Gaza se a trégua acabar.
O diplomata viajou depois para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, para se reunir com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
O pacto permitiu um cessar dos combates iniciados em 7 de outubro, quando militantes do Hamas lançaram um ataque contra o sul de Israel, no qual mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 240, segundo as autoridades israelenses.
Entre os mortos, há mais de 300 militares.
Israel respondeu com uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, que matou quase 15.000 pessoas, também civis na maioria, segundo o governo deste território.
Desde 24 de novembro, o acordo de trégua permitiu a libertação de 70 reféns israelenses e a soltura de 210 prisioneiros palestinos, estes últimos mulheres e menores de 19 anos.
Além disso, ao menos 27 reféns estrangeiros ou com dupla nacionalidade, a maioria tailandeses residentes em Israel, foram libertados fora do marco do acordo.
'Verdadeiro cessar-fogo'
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu "um verdadeiro cessar-fogo humanitário" e disse que os habitantes de Gaza sofrem "uma catástrofe humanitária épica".
A China urgiu uma "trégua humanitária prolongada e duradoura" por meio de um documento de sua chancelaria.
A trégua permitiu aumentar consideravelmente a quantidade de ajuda humanitária enviada a Gaza, submetida a um "assédio total" por parte de Israel, que cortou o abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível.
No entanto, a situação continua sendo "catastrófica", segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), ao alertar que "existe risco de fome extrema".
Segundo a ONU, 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pela guerra e mais da metade das residências foram danificadas ou destruídas.
Israel anunciou, nesta quinta-feira, que chamou para consultas sua embaixadora na Espanha por declarações do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que afirmou ter "sérias dúvidas de que [Israel] esteja respeitando o direito internacional humanitário" no território palestino.
O chefe da diplomacia israelense, Eli Cohen, qualificou os comentários de "escandalosos".
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