Segundo a organização, o gado bovino é a principal fonte de emissões (62%)Divulgação: Câmara dos Deputados

A pecuária representa 12% das emissões de gases de efeito estufa causadas pelas atividades humanas e o seu impacto no clima vai piorar se a demanda da carne continuar aumentando no mundo, alertou a FAO nesta sexta-feira (8).

Para reduzir o seu impacto no clima, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) propõe melhorar a produtividade de toda a cadeia do setor, mudar a alimentação dos animais e melhorar a sua saúde.

Também menciona a redução do consumo de carne nos países ricos como um caminho a seguir, embora com efeitos limitados.

A Organização das Nações Unidas tomou 2015 como ano de referência. Naquele ano, foram produzidas 810 milhões de toneladas de leite, 78 milhões de toneladas de ovos e 330 milhões de toneladas de carne, segundo o relatório.
Desde a produção de rações para alimentar o gado até a chegada dos alimentos às lojas, foram geradas 6,2 gigatoneladas de CO2 equivalente, medida que calcula a pegada de carbono de todos os gases emitidos. Neste processo, a FAO mediu o metano, óxido de nitrogênio e dióxido de carbono.

O gado bovino é a principal fonte de emissões (62%), seguido pelo suíno (14%), pelas galinhas (9%), búfalos (8%) e ovelhas e cabras (7%).

No que diz respeito aos produtos, a carne é a principal fonte de emissões (67%), à frente do leite (30%) e dos ovos (3%).

As emissões diretamente ligadas à pecuária, desde os arrotos dos animais até a fermentação do esterco, representam 60% do total.

Nas emissões indiretas, a FAO contabiliza a fabricação de fertilizantes e pesticidas para a produção de rações, o transporte e a transformação de produtos de origem animal, mas também a conversão de florestas em pastagens ou campos de soja destinados à produção de forragens.

Alimentação, genética, saúde 
O consumo de carne tende a aumentar com o enriquecimento da população e o seu acúmulo nos centros urbanos, embora as crescentes preocupações com o clima, a saúde e o bem-estar animal também possam abrandá-lo, destaca a FAO.

Mas entre o aumento da população mundial e a demanda média por habitante, o consumo de proteínas animais deverá aumentar 21% entre 2020 e 2050, antecipa a agência.

Para responder a esta demanda sem expandir a pecuária, a organização emite diversas recomendações tanto do lado da produção como do consumo.

Para reduzir as emissões do setor, a forma mais eficaz, segundo a FAO, é aumentar a produtividade em toda a cadeia, por exemplo com técnicas para aumentar o volume de leite produzido pelas vacas ou reduzindo a idade em que os animais são enviados ao matadouro.

Depois, mudar a alimentação dos animais e melhorar sua saúde, o que permite não só aumentar a sua produtividade, mas também reduzir a taxa de mortalidade.

A seleção de determinadas características genéticas, o fornecimento de aditivos que possam ajudar na digestão ou a redução do desperdício alimentar também aparecem entre as recomendações.

A FAO também menciona a redução do consumo de carne, mas alerta que o seu impacto é limitado se for substituída por vegetais cultivados em estufas ou por fruta fora de época transportada por avião.

Se as pessoas seguirem as recomendações alimentares oficiais, isso deverá levar à redução do consumo de carne nos países ricos e à redução das emissões, afirma a FAO.

Mas nos países de renda média, a diminuição das emissões associadas à carne seria em grande parte compensada pelo aumento das emissões associadas às frutas, nozes e vegetais cultivados, pelo menos parcialmente, em estufas.

E nos países de baixa renda é frequentemente recomendado aumentar o consumo de proteínas, tanto vegetais como animais.

Criar uma vaca em um celeiro nos Estados Unidos tende a produzir menos emissões por animal do que na África Subsaariana, destaca a FAO.

A margem para melhorias é considerável nos países de baixa e média renda na África, na América Latina e na Ásia.

Mas "não se trata de promover a qualquer preço a intensificação nestas regiões, mas sobretudo de nos inspirarmos em sistemas que têm uma intensidade de emissões relativamente mais fraca", salienta.