FMI teme a formação de blocos econômicos antagônicosSaul Loeb / AFP / CP
Para FMI, aprofundamento da fragmentação global poderia deflagrar nova Guerra Fria
Economista recomenda que os diferentes atores mantenham as linhas de comunicação aberta, como têm feito EUA, China e União Europeia
A primeira vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, avalia que o mundo não enfrenta um recuo generalizado da globalização, mas alerta que o eventual aprofundamento da fragmentação do comércio global em blocos opostos poderia deflagrar uma nova Guerra Fria. Em discurso durante o Congresso da Associação Econômica Internacional, na Colômbia, Gopinath advertiu que os custos dessa realidade seriam enormes, potencialmente maiores que os verificados durante o fenômeno geopolítico que contrapôs Estados Unidos e União Soviética no Século XX.
"O mundo tornou-se muito mais integrado e enfrentamos uma amplitude sem precedentes de desafios comuns com os quais um mundo fragmentado não consegue lidar", argumentou Gita Gopinath
Para evitar, ou ao menos minimizar, os efeitos desse cenário, ela explicou que a comunidade internacional deve manter uma postura pragmática, que preserve os benefícios do livre-comércio, ao mesmo tempo em que alcança objetivos domésticos de segurança e resiliência.
A economista indo-americana recomenda que os diferentes atores mantenham as linhas de comunicação aberta, como têm feito EUA, China e União Europeia. Na visão dela, as economias emergentes podem recorrer à capacidade diplomática e econômica para garantir a integração global. "Afinal, muitos países emergentes e em desenvolvimento enfrentam as maiores perdas de um mundo fragmentado e, embora alguns se beneficiem nos estágios iniciais da fragmentação, todos perdem numa Guerra Fria integral", destaca.
Gita Gopinath cita estimativas de que uma fragmentação em dois blocos baseados na votação sobre a resolução da ONU para a Guerra na Ucrânia em 2022 poderia causar uma perda de até 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Já uma divisão entre EUA e China, com alguns países não alinhados, custaria 2% do PIB.
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