Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyAFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, decretou nesta segunda-feira (22) uma lista de regiões russas habitadas "historicamente" por ucranianos, e pediu a proteção de seus direitos. Moscou desaprovou a medida imediatamente.
O documento, publicado pela presidência ucraniana, lista as regiões russas de Krasnodar, Rostov, Belgorod, Briansk, Voronezh e Kursk — todas vizinhas da Ucrânia. O decreto acusa a Rússia de ter cometido, e permanecer executando, "atos destinados a destruir a identidade nacional e oprimir os ucranianos, violando seus direitos e liberdades".
O documento incentiva o governo ucraniano a elaborar "um plano de ação para preservar a identidade nacional dos ucranianos na Federação Russa, incluindo as regiões que historicamente habitaram".
O governo de Kiev é encorajado, também, a registrar "os crimes cometidos contra ucranianos que vivem lá ou viveram" nessas áreas.
Muitos habitantes das regiões russas vizinhas são originários da Ucrânia, como resultado do poder czarista e depois soviético, dos movimentos de fronteira e das deportações da era stalinista.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, Moscou tem sido acusada de "russificar" os territórios ocupados coercitivamente, reescrever a História e deportar habitantes, especialmente crianças.
Nesta segunda e terça-feira, Moscou deve responder especificamente ao Comitê dos Direitos da Criança, vinculado às Nações Unidas, pelos milhares de menores que, segundo Kiev, foram transferidos à força para a Rússia desde o início da invasão.
O Kremlin anexou a península da Crimeia em 2014, e reivindica a anexação de outros quatro territórios ucranianos: Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
O presidente russo, Vladimir Putin, negou em várias ocasiões a existência de uma nação ucraniana, considerando os ucranianos como parte do "mundo russo" e argumentando que sua identidade separada é um artifício político.
O ex-presidente e atual número dois do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, condenou nesta segunda-feira o decreto de Zelensky, acusando-o de ter "pretensões territoriais". "Não há nada para comentar, pois os ucranianos são, na realidade, russos", disse em seu canal no Telegram.