Blinken irá para a quinta viagem ao Oriente Médio desde o início do confronto entre Israel e Hamas em 7 de outubroMark Schiefelbein / POOL / AFP
Antes de viajar, o Blinken destacou a necessidade de "abordar urgentemente as necessidades humanitárias de Gaza", onde grupos de ajuda alertaram para o impacto devastador dos quatro meses de guerra no território sitiado.
"A situação é indescritível", disse Said Hamuda, um palestino que fugiu de sua casa para a cidade de Rafah, no extremo sul do território, na fronteira com o Egito.
Rafah, uma "panela de pressão do desespero" segundo a ONU, é atualmente o lar de mais de metade dos 2,4 milhões de habitantes do enclave palestino, que foram forçados a se deslocar devido aos ataques de Israel.
O Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do grupo islamista, afirmou que pelo menos 128 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses ao território. O governo do Hamas relatou "ataques aéreos e de artilharia" ao redor de três hospitais em Khan Yunis, a principal cidade do sul da Faixa, cercados por forças israelenses.
O Exército israelense indicou que realizou "ataques direcionados" nas zonas centrais e do norte da Faixa, e que matou "dezenas de terroristas que armavam emboscadas" para os soldados em Khan Yunis. Testemunhas disseram à AFP que bombardeios de artilharia foram ouvidos em Rafah e Khan Yunis na manhã desta segunda-feira.
Sem acordo
A pressão diplomática tornou-se mais urgente com o aumento dos ataques de grupos apoiados pelo Irã em solidariedade com o Hamas, o que levou a contra-ataques dos Estados Unidos no Iraque, na Síria e no Iêmen.
A trégua proposta imporia uma pausa nos combates durante seis semanas, permitindo ao Hamas libertar reféns em troca de prisioneiros palestinos, segundo uma fonte do grupo islamista. Os responsáveis do movimento palestino, no entanto, indicaram que ainda não existe acordo e algumas autoridades israelenses se opuseram a fazer concessões.
A guerra eclodiu após os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que deixaram cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Milicianos islamistas também sequestraram cerca de 250 reféns e, segundo Israel, 132 permanecem em Gaza, incluindo pelo menos 27 que foram dados como mortos. Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva militar que matou pelo menos 27.365 pessoas em Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do território.
Os habitantes de Gaza enfrentam condições humanitárias extremas. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) afirmou na rede social X que "o acesso à água potável e ao saneamento é muito limitado em meio a bombardeios incessantes".
Esta agência está no meio de uma polêmica após acusações de que 12 de seus funcionários participaram dos ataques de 7 de outubro. Muitos países, incluindo os Estados Unidos, suspenderam o seu financiamento após essa denúncia.Our @UNRWA team has delivered nearly 20,000,000 litres of water to people in#Gaza
— UNRWA Partners (@UNRWAPartners) February 4, 2024
But it's not enough to meet the needs.Without safe water, many more people will die from deprivation and disease.
Conditions are inhumane. People struggle to survive without any of the basics. https://t.co/IDnZViylAn
Mas o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou no domingo que o corte da ajuda à UNRWA ameaça a existência de uma agência que fornece "ajuda vital a mais de 1,1 milhão de pessoas em Gaza que enfrentam fome e doenças catastróficas". Antes de viajar para a região, Blinken anunciou que a situação humanitária seria um dos seus focos.
"Abordar urgentemente as necessidades humanitárias de Gaza e promover a estabilidade no Oriente Médio são prioridades que compartilhamos com a Arábia Saudita", disse Blinken depois de falar com o ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal Bin Farhan.
'Apoio total'
"Em vez de dar o seu total apoio, [o presidente americano Joe] Biden está ocupado dando ajuda humanitária e combustível [a Gaza], que vão para o Hamas", disse ele ao jornal no domingo.
Ben Gvir fez estas declarações depois de os Estados Unidos terem imposto sanções contra quatro colonos israelenses devido ao aumento da violência contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também está sob pressão devido à situação dos reféns. Centenas de pessoas protestaram neste fim de semana em Tel Aviv para exigir eleições antecipadas.
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