Secretário-geral da ONU, António GuterresAFP
Chefe da ONU cria comitê independente para avaliar UNRWA
Decisão acontece após acusações de Israel de que 12 de seus trabalhadores participaram dos ataques do Hamas em 7 de outubro
O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou, nesta segunda-feira (5), a criação de um comitê independente para avaliar a "neutralidade" da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), após acusações de Israel de que 12 de seus trabalhadores participaram dos ataques do Hamas em 7 de outubro.
O comitê será liderado pela ex-chanceler francesa Catherine Colonna e trabalhará com o Instituto Raoul Wallenberg na Suécia, o Instituto Chr. Michelsen na Noruega e o Instituto Dinamarquês para os Direitos Humanos.
O grupo avaliará se a UNRWA "faz o que pode para garantir a neutralidade e responder aos relatos de violações graves quando estas ocorrem".
A UNRWA está no centro das atenções desde que Israel acusou 12 de seus funcionários de terem participado dos ataques do movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, nos quais morreram 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em números oficiais.
A retaliação militar do Exército israelense deixou 27.478 mortos na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo um balanço do Hamas.
Está previsto um primeiro relatório provisório para o final de março e o relatório final para o final de abril, segundo o comunicado do secretário-geral.
"Felicito as Nações Unidas pela formação desse comitê investigativo", disse no X, antigo Twitter, o chefe da diplomacia israelense, Israel Katz, que considera "imperativo revelar a verdade".
Israel "entregará todas as provas que mostrem os laços da UNRWA com o terrorismo", disse.
Esta revisão externa será realizada em paralelo com a investigação atualmente conduzida pelo Gabinete de Serviços de Supervisão Interna das Nações Unidas (OIOS).
Guterres pretende que a investigação independente identifique os mecanismos e procedimentos da agência para garantir a sua neutralidade e responder a denúncias ou informações que indiquem possíveis violações, além de determinar como têm sido aplicados na prática, "tendo em conta o ambiente operacional, político e de segurança em que trabalha".
A UNRWA é a maior organização da ONU na região e trabalha "sob condições extremamente difíceis para fornecer assistência vital aos dois milhões de pessoas na Faixa de Gaza que dela dependem (...), em meio a uma das maiores e mais complexas crises humanitárias do mundo", lembra o secretário-geral.
Vários países, incluindo os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão, anunciaram a suspensão das suas contribuições para esta agência, em resposta às acusações de Israel, que afirma que a organização sistematicamente contraria seus interesses.
"Esperamos que os doadores tenham tomado nota das medidas rápidas adotadas pelo secretário-geral (...) para responder aos problemas que podem ser criados", comentou Stéphane Dujarric, que apontou que até agora, não recebeu informação de doadores que tenham revisado a suspensão de suas contribuições e incentivou outros Estados-membros que "deem mostras de generosidade e solidariedade" com a UNRWA.
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