Presidente da Argentina, Javier MileiAFP

O presidente argentino, Javier Milei, iniciou, nesta terça-feira (6), sua visita a Israel com uma declaração polêmica, ao anunciar, logo depois de aterrissar, seu "plano" altamente sensível de levar para Jerusalém a embaixada que seu país mantém atualmente perto de Tel Aviv.

"Obviamente que é meu plano mudar a embaixada para Jerusalém ocidental", disse o mandatário ultraliberal quando o ministro israelense de Relações Exteriores, Israel Katz, o recebeu no aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv.


Em sua segunda viagem ao exterior desde que assumiu a Presidência, em dezembro, Milei afirmou que quer expressar desta forma seu "apoio ao povo de Israel" e "defender a legítima defesa" do Estado israelense frente "aos terroristas" do movimento islamista palestino Hamas.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recebeu com satisfação o anúncio, que é considerado um apoio diplomático à reivindicação israelense sobre Jerusalém como sua capital indivisível.

O Hamas, mergulhado desde outubro em um guerra contra Israel em Gaza, território que governa desde 2007, reagiu ao anúncio condenando "energicamente" os planos do presidente argentino.

Seria "um desrespeito aos direitos humanos do nosso povo palestino à sua terra, e uma violação às normas do direito internacional, considerando Jerusalém terra palestina ocupada", afirmou o Hamas.

Atualmente, a embaixada argentina se encontra em Herzliya, perto de Tel Aviv, onde se localiza a grande maioria das representações diplomáticas.

Se Milei cumprir sua promessa, a Argentina se tornaria um dos poucos países que têm sua principal missão diplomática em Jerusalém, ao invés de Tel Aviv.

Os Estados Unidos mudaram a sua para a cidade em 2018 sob a presidência do controverso Donald Trump após reconhecer a cidade como capital de Israel.

Palestinos reivindicam Jerusalém Oriental
As Nações Unidas concederam em 1947 um status internacional especial para Jerusalém dada a sua importância para judeus, cristãos e muçulmanos.

Mas a cidade ficou dividida depois da guerra que ocorreu após a criação do Estado de Israel em 1948.

O país tomou Jerusalém Oriental da Jordânia durante a Guerra dos Seis Dias de junho de 1967 e depois a anexou, e considera toda a cidade como sua capital indivisível.

Jerusalém está sob autoridade israelense desde então, mas os palestinos reivindicam a parte oriental como capital de seu futuro Estado.

Milei, um economista que, nos últimos anos, se aproximou do judaísmo e cujo país abriga a maior comunidade judaica da América Latina, deve se reunir nesta terça-feira com o presidente Isaac Herzog e, na quarta-feira, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Após sua chegada, o presidente argentino visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém Oriental, local de oração mais sagrado para judeus, onde foi recebido por uma multidão.

Alguns dos presentes gritaram seu lema de campanha "Viva la libertad, carajo!", outros tremulavam bandeiras argentinas.

Milei parecia emocionado, com os olhos avermelhados, ao se aproximar do muro, onde passou vários minutos, com a testa tocando as pedras e os braços estendidos, observou uma jornalista da AFP.

Durante sua viagem, Milei terá encontros com empresários e rabinos, visitará o museu do Holocausto, Yad Vashem, e irá a um dos kibutz atacados pelos comandos do Hamas, que, em 7 de outubro, lançaram um ataque surpresa no sul de Israel que deixou 1.160 mortos.

O mandatário argentino prevê se reunir com familiares de pessoas sequestradas pelo Hamas.

Em represália ao ataque do Hamas, Israel começou a bombardear a Faixa de Gaza no mesmo dia, e seus ataques aéreos e terrestres deixaram mais de 27.000 mortos até agora, segundo o Hamas.

De Israel, Milei viajará para a Itália, para se encontrar com o papa Francisco na segunda-feira no Vaticano e se reunir com o presidente italiano, Sergio Matarella, e com a primeira-ministra, Giorgia Meloni.