Bandeira de Israel Reprodução
O anúncio coincide com a visita ao Catar do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que continua sua viagem pelo Oriente Médio em busca de uma nova trégua entre Israel e o Hamas em Gaza, sitiada e devastada por quatro meses de guerra.
Nesta terça-feira, os ataques israelenses continuaram concentrados em Khan Yunis e Rafah, no sul do território palestino. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 107 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Gaza.
"Recebemos uma resposta do Hamas em relação ao marco geral do acordo sobre os reféns. Esta resposta contém alguns comentários, mas no geral é positiva", disse o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.
O primeiro-ministro catari, que participou há uma semana de negociações em Paris com Israel, Egito e CIA, onde surgiu a proposta, disse que estava "otimista", mas se recusou a entrar em detalhes sobre a resposta do Hamas, devido às "delicadas circunstâncias".
"A resposta do Hamas foi transmitida pelo mediador catai ao Mossad [serviço de inteligência externo israelense]. Os detalhes estão sendo considerados cuidadosamente pelos funcionários envolvidos nas negociações", disse um pouco depois o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Blinken informou que a resposta "foi comunicada aos israelenses" e que será debatida durante sua visita a Israel na quarta-feira, parte de sua viagem ao Oriente Médio, a quinta desde 7 de outubro.
A guerra eclodiu nesse dia, após um ataque sem precedentes em solo israelense por parte de comandos do grupo islamista palestino Hamas, quando 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os milicianos islamistas também sequestraram quase 250 pessoas. Mais de 100 foram libertadas em uma trégua em novembro, mas Israel acredita que 132 continuam em Gaza, incluindo 28 supostamente mortas, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que matou 27.585 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território desde 2007.
Três fases
Em novembro, uma primeira trégua de uma semana permitiu aumentar a entrada de ajuda a Gaza e a libertação de mais de cem reféns e prisioneiros palestinos.
Antes de chegar ao Catar, Blinken, cujo país é o principal aliado de israel, visitou Arábia Saudita e Egito.
O secretário de Estado é esperado na quarta-feira em Israel antes de viajar para a Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967 e sede da Autoridade Palestina.
"Ainda há muito trabalho a fazer. Mas continuamos pensando que um acordo é possível, e inclusive essencial, e vamos continuar trabalhando sem descanso para alcançá-lo", disse Blinken em Doha.
Até agora, o Hamas, considerado uma organização terrorista por União Europeia e Estados Unidos, exige um cessar-fogo total antes de qualquer acordo.
Já Israel diz que só dará por encerrada a ofensiva em Gaza após a libertação dos reféns e a eliminação do Hamas.
'Aniquilar o povo de Gaza'
O Exército israelense informou nesta terça-feira de "combates corpo a corpo" entre seus soldados e o Hamas em Khan Yunis, atual bastião do movimento islamista palestino.
Em Rafah, o Ministério da Saúde do Hamas afirmou que um ataque matou seis policiais palestinos que estavam em um veículo que escoltava um caminhão carregado de ajuda humanitária, segundo testemunhas.
Bairros inteiros foram destruídos pelos bombardeios israelenses e 1,7 milhão dos cerca de 2,4 milhões de habitantes do pequeno território foram deslocados.
Segundo a ONU, mais de 1,3 milhão de deslocados encontram-se em situações desesperadoras em Rafah, cinco vezes mais que a população da cidade antes da guerra.
A cidade, situada perto da fronteira com o Egito, poderia ser o próximo objetivo de Israel. Nesse sentido, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, alertou na segunda-feira que o Exército "chegará a lugares onde ainda não combateu [...] até o último bastião do Hamas, Rafah".
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