Peruano foi condenado pela morte das irmãs Michelle Maruyama e Akemy MaruyamaReprodução

Japão - Quase 10 anos após a morte das irmãs brasileiras Michelle Maruyama, de 29 anos, e Akemy Maruyama, 27, o Tribunal Distrital de Nagoya, no Japão, sentenciou nesta terça-feira (27), Edgard Anthony la Rosa à prisão perpétua pelo assassinato. O condenado era ex-marido de uma das vítimas.
"Ele compareceu, está bem magro, barba bem grande que vai até o peito. Os advogados (defesa) não falaram nada sobre a sentença, nem ele", disse ao "G1" o advogado Ricardo Takeshi Koda, que esteve presente na leitura da sentença.
As irmãs nasceram em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e atravessaram um continente em busca de trabalho e melhores condições para os filhos e a família. Michelle e Akemy estavam morando há nove anos em Handa, na província de Aichi, região central do Japão, quando foram assassinadas.
As vítimas foram encontradas mortas no dia 30 de dezembro de 2015, no apartamento onde moravam. Os corpos foram carbonizados em um incêndio que destruiu o imóvel delas. No entanto, exames feitos pelos médicos legistas revelaram que as irmãs não morreram vítimas do fogo, nem da fumaça, mas sim, teriam sido estranguladas um dia antes do incêndio acontecer.
Dentro do apartamento foi encontrado um galão de gasolina, que levantou a hipótese de o fogo ter sido criminoso. No mesmo dia, o peruano Edgard Anthony la Rosa, ex-marido de Akemy, foi preso a 40 km de Handa, em Nagoya. Ele estava com as duas filhas que teve com a brasileira, que foram levadas para um abrigo.
Tanto a mãe das vítimas, quanto a família do suspeito pediram a guarda das meninas. Apenas em 2018, após anos de espera, a avó materna conseguiu o direito de criar as netas, por meio da justiça brasileira. Atualmente, as duas têm 12 e 14 anos.
Julgamento
O julgamento de Edgard ocorreu há algumas semanas, neste mês de fevereiro, nove anos após o crime, mas a sentença só foi divulgada nesta terça-feira (27). 
Segundo os veículos de imprensa do Japão, o pedido de prisão perpétua veio do Ministério Público do país, que justificou a pena pela gravidade do caso. O peruano inocência, disse que não se lembra do que aconteceu e atribuiu o duplo homicídio à outra pessoa.
Maria Aparecida Maruyama, de 58 anos, mãe das brasileiras, precisou voltar ao Japão para prestar depoimento no julgamento do homem acusado de matar suas duas filhas. Ela ressaltou que a experiência, ao ficar cara a cara com o réu, abalou "completamente o emocional".
"Fiquei lá apenas 6 dias e foi muito desgastante para o meu emocional. Ter que dar o depoimento e ficar no mesmo espaço que o assassino das minhas filhas, e responder às perguntas incongruentes dos advogados, me encheu de asco", lamentou Maria.
"Foi muito triste, eu tive que parar várias vezes porque passei mal. Foi horrível. (...) nada vai trazer minhas filhas de volta. Sem contar que ele é o pai das minhas netas, isso pesa bastante, a menorzinha nem tanto, né, mas a maior, a gente sabe, dá para perceber que ela sente toda a situação, sente muito", acrescentou.
Relacionamento com a vítima
O peruano manteve um relacionamento com Akemy por seis anos. Eles tinham se separado três meses antes do crime. De acordo com a mãe das vítimas, Edgard nunca aceitou o fim do casamento e chegou a agredir Akemy semanas antes dela ser encontrada morta junto com a irmã.
Maria Aparecida também lembrou que o peruano tinha comportamento agressivo. Em 2014, Akemy perdeu a guarda da filha mais velha, então com 9 anos, depois de apanhar do padrasto, Edgard. A criança foi levada para um abrigo até ser trazida de volta para o Brasil pela avó.