Blincken viaja pela quarta vez ao Oriente Médio para tentar um acordo de paz em GazaEvelyn Hockstein / POOL / AFP
As negociações entre "equipes técnicas" continuam no Catar, segundo uma fonte próxima, depois de uma mudança de posição do Hamas, que abriu as portas para uma paralisação dos combates depois de ter exigido, em vão, um cessar-fogo definitivo.
Os bombardeios israelenses continuam e causaram 104 mortes nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas.
O líder do movimento islamista palestino, Ismail Haniyeh, acusou Israel na terça-feira de "sabotar" as negociações, depois de o Exército israelense ter afirmado que eliminou dezenas de combatentes em uma operação contra o hospital Al Shifa, o maior do enclave.
O Exército declarou nesta quarta-feira que matou 90 combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica dentro e ao redor das instalações médicas e que prendeu "mais de 300 suspeitos".
A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel, que deixou quase 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.
O movimento islamista também sequestrou 250 pessoas, das quais 130 permanecem cativas em Gaza, e 33 delas teriam morrido, segundo Israel.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra Gaza, com o objetivo de "aniquilar" o Hamas, que até agora deixou 31.923 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo movimento palestino.
A fome na guerra
O secretário de Estado dos EUA reiterou na terça-feira que toda a população de Gaza sofre de "graves níveis de insegurança alimentar aguda". "É a primeira vez que uma população inteira é classificada desta forma", declarou durante visita às Filipinas.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que Israel bloqueia a ajuda e que isso "poderia ser equivalente a usar a fome como método de guerra".
Blinken disse que abordará nas suas reuniões "os esforços que estão sendo feitos para alcançar um cessar-fogo imediato que garanta a libertação de todos os reféns restantes", além da "intensificação dos esforços internacionais para aumentar a ajuda humanitária a Gaza".
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, viajará para Washington na próxima semana, em um momento em que os Estados Unidos pressionam Israel para evitar uma ofensiva terrestre na cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa, onde vivem cerca de 1,5 milhão de palestinos, de acordo com a ONU.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou que enviou uma delegação "a pedido do presidente dos EUA, Joe Biden" para discutir esta operação, anunciada por Israel.
'Gritos de medo'
A cidade já está sob bombardeio. Imagens da AFPTV de terça-feira mostram moradores vasculhando os escombros após mais uma noite de ataques. As chuvas torrenciais durante a noite agravaram a situação deplorável na região.
Oum Abdullah Alwan disse que seus filhos estavam "gritando de medo" porque "não conseguimos distinguir o som da chuva do som dos bombardeios".
"Toda a população de Gaza depende atualmente de ajuda alimentar, mas mais da metade da população vive sob o que chamamos de um 'nível crítico de fome'", disse Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA).
O "principal obstáculo" ao acesso da ajuda humanitária a Gaza é "a ausência de vontade política", acrescentou.
Desde o início da guerra, Israel impôs um cerco total ao enclave e controla toda a ajuda que tenta entrar no local. Isso reduz o número de caminhões que entram no território vindos do Egito. Vários países lançaram suprimentos a partir de aviões e foi aberto um corredor marítimo a partir do Chipre, mas todos insistem que estas rotas alternativas não podem substituir as rotas terrestres.
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