Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia e Vladimir Putin, presidente da RússiaReprodução

A Rússia acusou nesta terça-feira, 26, a Ucrânia e os seus aliados ocidentais de terem facilitado o ataque a uma casa de shows em Moscou, no qual morreram 139 pessoas, apesar de o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ter reivindicado a responsabilidade pelo massacre.

Alexander Bortnikov, chefe do FSB, o serviço de segurança russo, afirmou que embora ainda não esteja claro quem ordenou o ataque, os agressores planejavam ir para a Ucrânia e lá seriam "recebidos como heróis".

"Pensamos que a ação foi preparada por islamistas radicais e que, claro, foi facilitada pelos serviços especiais ocidentais, e que os serviços especiais ucranianos estão diretamente envolvidos", disse Bortnikov, citado pela agência de notícias Ria Novosti.

"Obviamente foi a Ucrânia", declarou Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança russo, à imprensa local, quando questionado se Kiev ou os jihadistas do Estado Islâmico foram responsáveis pelo ataque de sexta-feira.

O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu que "islamistas radicais" realizaram o ataque, mas sugeriu que estavam vinculados à Ucrânia, um país contra o qual iniciou uma ofensiva há dois anos. A Ucrânia nega de modo veemente qualquer envolvimento neste ataque, ocorrido na noite de sexta-feira.

Nesta terça-feira, o presidente bielorrusso, aliado do Kremlin, contradisse a versão de Moscou ao afirmar que os agressores tentaram primeiro fugir para o seu país, mas não conseguiram porque foram impedidos pelos controles fronteiriços.

"É por isso que não puderam entrar em Belarus. Eles foram vistos. Foi por isso que deram meia volta e foram para a área russo-ucraniana da fronteira", disse Alexander Lukashenko.

O Kremlin expressou sua confiança nas agências de segurança russas, apesar de terem sido levantadas questões no país sobre como não conseguiram impedir o ataque, mesmo com os avisos públicos e privados dos Estados Unidos.

Os extremistas do Estado Islâmico assumiram a responsabilidade pelo ataque e veículos de comunicação afiliados ao EI publicaram vídeos dos homens armados dentro da casa de shows.

O ataque de sexta-feira foi um duro golpe para Putin, pouco mais de uma semana depois de ele ter conquistado um novo mandato após eleições sem uma oposição de fato, que o Kremlin apresentou como um plebiscito sobre a sua operação militar na Ucrânia.

Na segunda-feira, Putin afirmou pela primeira vez que "islamistas radicais" estavam por trás do massacre no Crocus City Hall, mas tentou relacioná-lo com Kiev.

Sem apresentar provas, Putin relacionou o ataque a uma série de incursões em território russo por grupos de sabotagem pró-ucranianos e disse que todas elas faziam parte dos esforços para "semear o pânico".

Oito suspeitos em prisão preventiva 
Nesta terça-feira, um oitavo suspeito do ataque foi colocado em prisão preventiva. Os quatro supostos agressores já se encontram em prisão preventiva desde sábado e poderão ser condenados à prisão perpétua. Pelo menos um deles é do Tadjiquistão, país da Ásia Central.

Outros três suspeitos foram presos na segunda-feira. Segundo a agência de notícias Ria Novosti, trata-se de um pai e dois dos seus filhos; um deles nascido no Tadjiquistão, tem nacionalidade russa.

Segundo as autoridades, o oitavo suspeito detido é do Quirguistão, um país da Ásia Central vizinho do Tadjiquistão. Segundo a agência de notícias Interfax, ele tem 31 anos e nacionalidade russa.

Na audiência, ele afirmou não conhecer os supostos mandantes do ataque nem ter conhecimento do projeto, segundo a Interfax.

O homem alegou que "precisava de um inquilino" porque tinha um apartamento para alugar. O ataque ao Crocus City Hall é o pior na Rússia em 20 anos e o mais mortal reivindicado pelo EI em solo europeu.