Bandeira de Israel AFP
A tenaz ofensiva israelense em resposta ao ataque do Hamas de 7 de outubro prossegue, sem direito à trégua para Gaza, submetida a um cerco que deixa a população à beira da fome, segundo a ONU.
Ao mesmo tempo, Catar, Egito e Estados Unidos, que atuam como mediadores para alcançar uma trégua, aguardam as respostas de Israel e do Hamas à proposta mais recente para uma interrupção dos combates que permita, ainda, a libertação de reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza.
O Hamas informou nesta sexta que dezenas de casas e prédios residenciais foram atacados com explosivos no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. As forças israelenses também bombardearam outros setores dessa área, acrescentou.
No bairro de Al Daraj, na Cidade de Gaza, 25 membros da família Al Tabatibi morreram no bombardeio que atingiu um edifício, segundo uma pessoa próxima.
"Bombardeios atingiram Nuseirat durante toda a noite. Só havia fogo e destruição, com mártires caídos nas ruas. Fugimos pela manhã e não temos para onde ir. É a sexta vez que somos deslocados. Gaza se tornou inabitável", declarou Mohamad Al-Rayes, de 61 anos, à AFP.
O Exército israelense relatou ataques contra "mais de 60 alvos terroristas" em Gaza, incluindo postos subterrâneos e infraestruturas militares.
Ameaças 'críveis' e 'reais'
A Casa Branca afirmou, nesta sexta, que as ameaças de um ataque iraniano contra Israel são "críveis" e "reais", e os Estados Unidos restringiram os deslocamentos de seu pessoal neste país.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, falou na quinta-feira com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, sobre os preparativos para um ataque iraniano contra Israel.
"Se o Irã atacar de seu território, Israel vai responder e atacar o Irã", alertou o chanceler israelense, Israel Katz.
O presidente americano, Joe Biden, reforçou seu apoio veemente a Israel, apesar das tensões entre o governante democrata e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por divergências sobre a gestão da guerra em Gaza.
O general Michael Erik Kurilla, comandante do Comando Central dos Estados Unidos para o Oriente Médio (Centcom) viajou para Israel na quinta-feira.
Enquanto isso, o líder supremo do Irã - arqui-inimigo de Israel e aliado do Hamas -, Ali Khamenei, reiterou na quarta-feira que Israel "será punido".
Neste contexto, o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, anunciou, nesta sexta", ter disparado "dezenas de foguetes" contra posições israelenses, afirmando que se tratava de uma resposta aos ataques israelenses no sul do Líbano.
Por sua vez, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu aos seus pares da China, Turquia e Arábia Saudita que tentem dissuadir Teerã.
Negociações e pressão
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.634 mortos em Gaza, na maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.
O movimento islamista tomou 250 reféns durante seu ataque, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que morreram, segundo as autoridades israelenses.
Basem Naim, funcionário de alto escalão do Hamas, afirmou na quinta-feira que o grupo precisa de "tempo e segurança suficientes" para localizar os reféns, questão crucial para as negociações da trégua.
O papa Francisco afirmou nesta sexta sentir-se "angustiado" com o conflito e pediu "um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza", "que os reféns sejam libertados" e mais ajuda para os civis.
A comunidade internacional exige há meses a abertura de novas rotas diretas para levar ajuda ao norte da Faixa de Gaza, onde a crise humanitária é mais grave.
O Exército israelense anunciou, nesta sexta, a abertura de uma nova passagem fronteiriça com o norte. Segundo meios de comunicação, fica perto da localidade israelense de Zikim, não muito longe de Erez, uma passagem que está fechada atualmente.
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