Presidente Volodimir ZelenskyAFP

O presidente Volodimir Zelensky pediu, nesta sexta-feira (19), à Otan que entregue armas à Ucrânia para resistir à ofensiva militar russa e a Aliança transatlântica atendeu seu pedido em parte ao decidir enviar mais sistemas de defesa antiaérea à ex-república soviética.

O presidente ucraniano discursou à Otan por videoconferência, às vésperas de uma votação-chave no Congresso americano sobre uma ajuda de 61 bilhões de dólares (R$ 321 bilhões na cotação atual) que Kiev aguarda há vários meses.

O presidente russo, Vladimir Putin, "deve descer à terra e os nossos céus devem estar seguros novamente", disse Zelensky naquela reunião, de acordo com o seu gabinete.

"Isso depende inteiramente da sua decisão (…) A decisão de se somos verdadeiramente aliados", continuou. O presidente da Ucrânia solicitou, entre outros, sete sistemas antiaéreos Patriot adicionais para conter a ofensiva russa que avançou nas últimas semanas, após mais de dois anos de guerra.

O secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, anunciou um acordo para entregar a Kiev mais equipamentos de defesa antiaéreos, sem definir prazos.

Os ministros das Relações Exteriores do G7 das principais potências ocidentais, reunidos na ilha italiana de Capri, também se comprometeram a "reforçar os meios de defesa aérea da Ucrânia".

Céus que "merecem a mesma segurança"
A Ucrânia pede desesperadamente um aumento da ajuda em equipamento militar e afirma que está ficando sem capacidade operacional em defesa antiaérea.

Zelensky lamentou na quarta-feira que os países ocidentais não ofereçam à Ucrânia o mesmo nível de defesa antiaérea que operou no sábado para ajudar a neutralizar um ataque iraniano de drones e mísseis contra Israel.

A maior parte dos projéteis iranianos foi interceptada pelos aliados de Israel, que também fazem parte da Otan, como os Estados Unidos ou o Reino Unido.

"Na Ucrânia, infelizmente, não temos o mesmo nível de defesa que vimos no Oriente Médio há alguns dias (…). Os céus da Ucrânia e os céus dos nossos vizinhos merecem a mesma segurança", disse o presidente ucraniano em uma mensagem vídeo dirigida a uma cúpula de líderes da UE em Bruxelas.

Ataque em Dnipro
Ao menos sete pessoas, incluindo duas crianças, morreram e 34 ficaram feridas na madrugada desta sexta-feira em bombardeios russos no centro-leste da Ucrânia, informaram os serviços de emergência. Um balanço anterior, revisado para baixo, reportava oito mortos.

Os bombardeios alcançaram prédios residenciais na cidade de Dnipro e na localidade próxima de Synelnykove.

"Há operações de resgate em andamento para encontrar pessoas que poderiam estar sob os escombros", disseram os serviços de emergência ucranianos na quinta-feira.

A companhia ferroviária estatal ucraniana denunciou "bombardeios maciços" contra suas infraestruturas em Dnipro e na região próxima e informou a morte de um funcionário.

Perto da linha de frente na região de Donetsk (leste), uma pessoa morreu e outra ficou ferida em um bombardeio, anunciou o governador.

Zelensky reconheceu perante a Otan as "limitações" de seu Exército, que se defende "valentemente" das tropas rusas, mais numerosas.

Nesta sexta-feira, visitou suas tropas na bacia do Donbass, no leste do país, onde o Exército russo redobrou sua pressão nesses últimos meses.

O presidente disse ter inspecionado "a construção de fortificações", uma das atuais prioridades para frear as tropas de Moscou.

Bombardeiro russo derrubado
O comandante das forças aéreas ucranianas, Mikola Oleshchuk, afirmou que suas frotas conseguiram, pela primeira vez desde o início da invasão em fevereiro de 2022, derrubar um bombardeiro russo estratégico de longo alcance Tu-22M3, "portador de mísseis de cruzeiro X-22".

A Ucrânia já havia reivindicado a destruição de um aparelho deste tipo em agosto, mas se encontrava em terra e não em voo.

O serviço de inteligência militar ucraniano, o GUR, disse que neste caso foi um avião que participou nos bombardeios noturnos desta sexta-feira e que foi "abatido em uma operação especial".

O GUR garantiu que o aparelho caiu na região de Stavropol, no sul da Rússia.

O Ministério da Defesa russo até agora absteve-se de qualquer comentário sobre o assunto.

No entanto, uma fonte militar disse à agência estatal russa TASS que um bombardeiro supersônico Tupolev-22M3 "caiu na área de Stavropol após uma missão de combate, enquanto retornava à sua base".

Segundo a mesma fonte, o aparelho não trazia armas a bordo.

O governador da região de Stavropol, Vladimir Vladimirov, indicou no Telegram que um Tupolev-22M3 caiu na área devido a um incidente "técnico" e que pelo menos um tripulante morreu.

Dois outros membros da tripulação foram encontrados vivos e os serviços de resgate estão procurando um quarto membro, disse ele.

Stravropol é uma área localizada a leste da península da Crimeia, anexada unilateralmente pela Rússia em 2014 e palco de inúmeros ataques ucranianos desde o início da guerra.