Marcelo Rebelo, presidente de PortugalAFP

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo, disse na noite desta terça-feira (23), que o país "assume toda a responsabilidade" pelos crimes que aconteceram na era colonial, sendo a escravidão e o genocídio de populações indígenas os maiores exemplos.
"Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram roubados e não foram devolvidos", pontuou.
O país foi a nação que mais incentivou o tráfico negreiro, com cerca de seis milhões de pessoas escravizadas no período colonial. O período de escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos, entre 1530 e 1888, quando o sistema foi abolido.
Antes disso, a mão-de-obra indígena foi utilizada de maneira forçada, até que diversas tribos indígenas foram exterminadas por portugueses.
Apesar de pontuar alguns fatos criminosos cometidos pelo país no passado, o presidente não especificou quais medidas serão tomadas. "Vamos ver como podemos reparar isso", disse.
Reação
Nas redes sociais, as declarações do presidente foram muito criticadas por frentes políticas portuguesas. Para alguns, a fala fez com que Rebelo fosse um "traidor".
"Traição à Pátria. Vergonha. O Presidente da República vai de mal a pior e agora resolveu anunciar um ato de traição à Pátria! Marcelo Rebelo de Sousa diz que Portugal é responsável pelos crimes cometidos durante a escravatura transatlântica e a era colonial, e admitiu que há necessidade de indemnizações", disse António Pinto Pereira, político de oposição.
"Um Presidente da República que tem vergonha da sua história jamais deveria ocupar tal cargo. Marcelo Rebelo de Sousa precisa de ser destituído. Eu não peço desculpa pelo colonialismo", publicou o grupo Resistência Lusitana.