Presidente da China, Xi JinpingAFP
Em uma demonstração da importância que os dois países atribuem à relação, o chefe de Estado chinês recebeu, no Grande Salão do Povo, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, que cumpre desde quarta-feira sua segunda visita à China em menos de um ano.
Xi reconheceu que os dois países registraram "alguns progressos positivos" desde que ele se reuniu com o presidente americano, Joe Biden, no fim do ano passado, informou o canal estatal CCTV.
Mas persistem "muitos problemas que precisam ser resolvidos e ainda há espaço para esforços adicionais", acrescentou.
"Eu propus três princípios principais: respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para todos", acrescentou o líder chinês. "A Terra é grande o suficiente para abrigar o desenvolvimento comum e... a prosperidade da China e dos Estados Unidos", insistiu o presidente chinês.
"Quando este problema fundamental for resolvido... as relações poderão verdadeiramente estabilizar, melhorar e avançar", declarou Xi.
Blinken também se reuniu com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, com quem disse que teve uma conversa "longa e construtiva" de mais de cinco horas.
Segundo uma fonte do governo americano, o secretário de Estado expressou, entre outras questões, a preocupação de Washington com o apoio que o governo da China concede à Rússia de Vladimir Putin.
Wang advertiu que as pressões do governo americano podem provocar um declínio das relações bilaterais.
As autoridades de Pequim estão incomodadas com a pressão econômica do governo Joe Biden, que vetou as exportações de semicondutores para o país asiático e ameaça proibir a operação da plataforma TikTok nos Estados Unidos caso a rede social não corte relações com a sua empresa matriz chinesa.
Wang reconheceu que as relações entre os dois países "estavam começando a estabilizar" após a reunião de novembro em San Francisco entre os presidentes.
"Mas, ao mesmo tempo, estão surgindo e aumentando os fatores negativos na relação", advertiu o ministro das Relações Exteriores chinês.
Ele garantiu que a China sempre "defende o respeito dos interesses fundamentais de cada parte" e pediu que os Estados Unidos "não ultrapassem a linha vermelha de Pequim" a respeito da soberania, segurança e desenvolvimento.
'Responsabilidade compartilhada'
Blinken insistiu que as partes devem administrar a relação com "responsabilidade".
Os dois países devem ser "o mais claros possível sobre as áreas em que mantemos diferenças, pelo menos para evitar mal-entendidos e erros de cálculo", disse.
"Isso é realmente uma responsabilidade compartilhada que temos não apenas para com nossos povos, mas para com as pessoas em todo o mundo", afirmou.
A equipe de Blinken destacou que ele pretendia solicitar à China moderação diante da posse, em maio, de um novo presidente em Taiwan (a ilha de governo autônomo reivindicada por Pequim) e pedir que o país utilize sua influência sobre o Irã para tentar conter a ameaça de um conflito aberto com Israel.
Biden, que conversou recentemente por telefone com Xi, enfrenta uma dura batalha nas eleições presidenciais de novembro contra o seu antecessor, o republicano Donald Trump, que adotou uma política beligerante em relação à China durante seu mandato.
A administração democrata americana destacou os progressos alcançados graças à aproximação diplomática com a China, como o compromisso de Pequim de impor um maior controle à exportação dos precursores químicos do fentanil, um opioide responsável por uma epidemia de dependência nos Estados Unidos.
Porém, ao mesmo tempo, em algumas áreas o governo Biden exerce uma pressão sobre a China ainda maior que a de Trump.
Um exemplo é a recente lei aprovada pelo Congresso e assinada por Biden para forçar a venda do TikTok, que pertence à empresa chinesa ByteDance. Caso isto não aconteça, a plataforma corre o risco de ser proibida nos Estados Unidos.
As autoridades americanas alegam preocupações de segurança e privacidade vinculadas ao aplicativo, que é muito popular entre os jovens do país.
A ByteDance, que nega as acusações, reiterou na quinta-feira que não tem a intenção de vender a plataforma de vídeos.
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