Vladimir Putin, presidente da RússiaAlexei Babushkin / POOL / AFP

O presidente Vladimir Putin celebrou nesta quarta-feira (15) os avanços russos em Kharkiv e a retomada pelas tropas de Moscou de uma localidade simbólica no sul da Ucrânia, que foi uma das únicas vitórias da contraofensiva frustrada de Kiev no ano passado.

As forças russas prosseguem avançando na frente de batalha, em particular na região de Kharkiv (nordeste), onde iniciaram uma ofensiva em 10 de maio.

"A cada dia, constantemente, as nossas tropas estão melhorando suas posições em todas as frentes", disse Putin aos comandantes militares do país, incluindo o novo ministro da Defesa, Andrei Belousov, segundo imagens exibidas na televisão.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou durante visita a Kiev uma ajuda militar à Ucrânia e declarou que Washington não proibiu explicitamente o país de utilizar armas ocidentais para atacar o território russo.

Diante do avanço russo, o porta-voz do presidente Volodimir Zelensky anunciou a decisão de enviar reforços à região de Kharkiv, assim como o cancelamento das próximas viagens internacionais do chefe de Estado, incluindo uma visita a Madri na sexta-feira.

O Exército ucraniano afirmou nesta quarta-feira que se retirou de algumas áreas da frente de batalha norte, perto de Lukyantsi e Vovchansk, "em resposta ao fogo inimigo e a um ataque de infantaria".

"Nossas unidades manobraram na direção de posições mais favoráveis", afirmou o porta-voz das forças da região, Nazar Voloshin.

Algumas horas depois, o Exército russo reivindicou as conquistas de Lukyantsi e da localidade vizinha de Gliboke.

A Rússia também anunciou que assumiu o controle da localidade de Robotyne, sul da Ucrânia, uma das poucas que o Exército de Kiev conseguiu recuperar, em agosto, na contraofensiva do verão (hemisfério norte) de 2023.

Situação 'extremamente difícil'
A nova ofensiva russa se concentra na região de Kharkiv, cuja capital de mesmo nome é a segunda maior cidade da Ucrânia.

As autoridades ucranianas garantem que a cidade de Kharkiv não está ameaçada por um ataque terrestre, apesar de ser alvo de bombardeios russos há várias semanas, em particular contra as instalações do sistema de energia.

Os serviços de emergência informaram que 8.000 pessoas deixaram a região desde o início da ofensiva, que pegou as forças ucranianas de surpresa. Segundo Oleksii Jarkivski, comandante de polícia de Vovchansk, que tinha 18.000 habitantes antes da guerra, a cidade é cenário de combates.

"A situação é extremamente difícil. O inimigo está estabelecendo posições nas ruas", disse, antes de pedir que a população abandone a região.

O Ministério do Interior anunciou que três civis morreram na região de Kharkiv nas últimas 24 horas. A Polícia Nacional informou que cinco civis foram feridos por fogo russo nesta quarta-feira. Ao menos duas pessoas morreram em ataques aéreos russos na cidade de Dnipro, segundo as autoridades locais.

US$ 2 bilhões
Alguns analistas acreditam que Moscou poderia, com a ofensiva, forçar a Ucrânia a desviar suas tropas de outras áreas da linha da frente, em particular no leste, como ao redor da cidade de Chasiv Yar, na região de Donetsk, onde a Rússia também avança.

"As regiões de Donetsk e Kharkiv são onde as coisas estão mais difíceis neste momento", afirmou Zelensky na terça-feira, antes de insistir que o país precisa de uma "aceleração considerável das entregas" de armas ocidentais.

A lentidão da entrega de ajuda ocidental deixou a Ucrânia em uma posição difícil, sem soldados ou munições suficientes para enfrentar a Rússia, que retomou a iniciativa da guerra no final de 2023.

Blinken anunciou nesta quarta-feira uma ajuda militar de 2 bilhões de dólares para reforçar as capacidades de defesa da Ucrânia. A assistência é parte do pacote de ajuda de 61 bilhões de dólares para a Ucrânia aprovado recentemente, após meses de impasse no Congresso em Washington.

Ao mesmo tempo, o chefe da diplomacia americana afirmou que cabe aos ucranianos decidir se pretende atacar o território russo, depois que a Rússia advertiu o Ocidente sobre qualquer ação com armas ocidentais.

"Não encorajamos nem favorecemos ataques fora da Ucrânia, mas, em última análise, a Ucrânia tem que tomar suas decisões sobre como vai conduzir esta guerra", declarou Blinken.