Alertas dos EUA e de outros países não foram suficientes para conter o ataque de Israel a RafahAFP

Bombardeios israelenses em Rafah mataram pelo menos 16 civis palestinos nesta terça-feira, 28, segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas. Os bombardeios ocorrem em meio a intensos combates na cidade do sul do enclave palestino.
Uma operação militar israelense realizada no inicio de maio fez com que quase um milhão de civis palestinos fugissem de Rafah, cidade que abrigou muitos palestinos nos últimos meses da guerra por conta dos combates no norte e no centro de Gaza.
Os Estados Unidos e outros aliados ocidentais de Israel alertaram contra uma ofensiva total na cidade. O governo de Joe Biden apontou que uma ofensiva militar mais abrangente seria uma linha vermelha para Washington. Na sexta-feira, 24, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) apelou para que Tel-Aviv suspendesse a ofensiva em Rafah, mas o tribunal não tem jurisdição para fazer Israel cumprir esta ordem.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu seguir em frente, dizendo que as forças israelenses devem ir para Rafah para desmantelar a capacidade militar do grupo terrorista Hamas e resgatar os reféns israelenses no enclave palestino.
Os últimos ataques ocorreram na mesma área onde Israel atacou o que disse ser um complexo do Hamas na noite de domingo, 26. Esse ataque provocou um incêndio em um campo de refugiados palestinos e matou pelo menos 45 pessoas, segundo autoridades de saúde locais, provocando indignação mundial.
Netanyahu disse que houve um "acidente trágico" no domingo, 26, e as Forças de Defesa de Israel (FDI) apontaram que estavam investigando.
Operações
De acordo com o governo israelense, as operações em Rafah são pontuais e limitadas, mas residentes palestinos relatam fortes bombardeios.
"Foi uma noite de horror", disse Abdel-Rahman Abu Ismail, um palestino da Cidade de Gaza que está abrigado em Tel al-Sultan desde dezembro. Ele disse que ouviu "sons constantes" de explosões durante a noite e até a manhã desta terça-feira, com caças e drones sobrevoando a área.
O palestino apontou que isso o lembrava da invasão israelense de seu bairro de Shijaiyah, na cidade de Gaza, onde Israel lançou uma campanha de bombardeios pesados antes de enviar forças terrestres no final de 2023. "Já vimos isso antes", disse ele.
Sayed al-Masri, um residente de Rafah, disse que muitas famílias foram forçadas a fugir das suas casas e abrigos. Muitos civis palestinos se deslocaram para a cidade de Mawasi e alguns voltaram para Khan Yunis, cidade que foi muito afetada pelos combates há alguns meses.
O Ministério da Saúde de Gaza apontou que duas instalações médicas em Tel al-Sultan foram retiradas de serviço devido a intensos bombardeios nas proximidades. A Ajuda Médica para os Palestinos, uma instituição de caridade que opera em todo o território, afirmou que o centro médico de Tel al-Sultan e o Hospital de Campanha da Indonésia estavam bloqueados, com médicos, pacientes e deslocados presos lá dentro.
A maioria dos hospitais de Gaza já não funciona. O Hospital do Kuwait em Rafah fechou na segunda-feira depois que um ataque perto de sua entrada matou dois profissionais de saúde.
Guerra
A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel, mataram 1.200 pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto
Após o ataque, o Exército israelense iniciou uma ofensiva no enclave palestino com o objetivo de acabar com o Hamas. Com bombardeios aéreos e invasão terrestre, a guerra já deixou mais de 36 mil mortos em Gaza, segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas do Hamas em sua conta. Cerca de 80% da população de Gaza, de 2,3 milhões, foi deslocada e as autoridades da ONU apontam que milhares de pessoas estão passando fome.