Bandeira de Israel Reprodução

A Defesa Civil de Gaza afirmou que um bombardeio israelense deixou 21 mortos em um campo de deslocados em Rafah, embora o Exército de Israel negue ter realizado este ataque, apenas dois dias depois de uma operação ter matado 45 deslocados na guerra contra o Hamas.

Muhammad al Mughair, um dirigente da Defesa Civil palestina, garantiu à AFP que pessoas morreram no “bombardeio da ocupação contra tendas de campanha de deslocados no oeste de Rafah”.

O movimento islamista Hamas, que governa Gaza desde 2007 e contra o qual Israel trava uma guerra há mais de sete meses, confirmou o número de mortos de pelo menos 21 e acrescentou que 64 pessoas ficaram feridas.

O Exército israelense negou os relatos e garantiu que “não bombardeou a zona humanitária de Al Mawasi”, em referência a uma área designada em maio, após o início da ofensiva terrestre em Gaza, para acomodar os deslocados de Rafah.

No domingo, um bombardeio no campo de deslocados de Barkasat, nos arredores de Rafah, causou um incêndio e matou 45 pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião urgente nesta terça-feira (28), a pedido da Argélia, para discutir a situação em Rafah após o bombardeio.

A poucas horas do início das discussões, Irlanda, Espanha e Noruega reconheceram a Palestina como Estado.

Israel garante que o número de vítimas do atentado de domingo poderia ter outras explicações. "As nossas munições por si só não poderiam ter iniciado um incêndio de tal proporção", disse o porta-voz do Exército, Daniel Hagari.

"Estamos examinando todas as possibilidades, incluindo a opção de que armas armazenadas no complexo próximo ao nosso objetivo (...) podem ter explodido devido ao ataque", acrescentou.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou o atentado como "um acidente trágico", mas insistiu na necessidade de continuar a ofensiva para destruir o Hamas e libertar os reféns.

Tanques israelenses em Rafah
Os Estados Unidos seguem considerando "limitada" a operação de Israel em Rafah, afirmou o Pentágono nesta terça-feira, pouco depois de o Departamento de Estado americano expressar sua consternação "pela trágica perda de vidas em Rafah" no fim de semana.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), o mais alto tribunal da ONU, havia ordenado na sexta-feira que Israel suspendesse as operações na cidade.

Essa decisão não obteve grandes resultados até agora e os tanques israelenses chegaram nesta terça-feira ao centro da cidade, que fica na fronteira com o Egito e é o principal ponto de entrada de ajuda humanitária para os 2,4 milhões de palestinianos que vivem na Faixa de Gaza.

O Pentágono anunciou a suspensão da ajuda por mar a Gaza devido aos danos causados pelo mau tempo ao cais temporário construído na costa do território.

Os blindados israelenses foram posicionados "na rotatória de Al Auda, no centro da cidade", disse Abdel Khatib, de 40 anos. Uma fonte de segurança confirmou ter visto os tanques.

Faten Juda, uma mulher de 30 anos do bairro de Tal al Sultan, onde ocorreu o atentado no domingo, disse que não dormiu a noite toda por causa dos disparos.

"Foi horrível. Vimos todos fugindo novamente. Nós também vamos partir, tememos pelas nossas vidas", disse à AFP.

De acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), um milhão do 1,4 milhão de civis que estavam na cidade fugiram de Rafah desde que Israel iniciou a operação terrestre, no começo de maio.

Pressão internacional
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram mais de 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um novo relatório da AFP baseado em nos últimos dados disponíveis.

Os combatentes também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 continuam retidas em Gaza, incluindo 37 que teriam morrido no cativeiro.

Em resposta, o governo israelense lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra Gaza que até agora deixou 36.096 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Um correspondente da AFP relatou bombardeios e disparos de artilharia da cidade de Gaza, no norte do território.

A milícia palestina Jihad Islâmica divulgou um vídeo na terça-feira mostrando um refém, identificado pela mídia israelense como Sasha Trupanov, de 28 anos.
A pressão contra a ofensiva israelense se intensificou após mais de sete meses de guerra.

Espanha, Irlanda e Noruega reconheceram oficialmente a Palestina como um Estado.

O governo israelense classificou esta iniciativa como uma "recompensa" para o Hamas, organização considerada terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Com a decisão dos três países europeus, o Estado da Palestina agora é reconhecido por 145 dos 193 Estados-membros da ONU, embora a lista não inclua a maioria das potências ocidentais.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, declarou que este reconhecimento é uma “necessidade” para “alcançar a paz” entre israelenses e palestinos, além de “uma questão de justiça histórica” para o povo palestino.

Em resposta, Israel acusou a Espanha de ser "cúmplice na incitação ao assassinato do povo judeu" e retirou seus enviados diplomáticos de Madri, Dublin e Oslo.