Cidade vive boom turístico que faz a prostituição dispararAFP
Vários casos de menores explorados sexualmente por estrangeiros colocaram o turismo sexual na mira do governo local, que proibiu em abril a oferta e procura por serviços sexuais no bairro turístico de El Poblado.
"As mulheres movem o turismo aqui em Medellín porque os homens vêm à Colômbia para procurar mulheres e se drogarem", disse à AFP Milena, uma das muitas trabalhadoras sexuais que faz ponto na rua 10, desafiando o decreto da autoridade local.
A prostituição é legal na Colômbia. Se a restringem, o turismo "diminuiria muito", assegura Milena, que não revela sua identidade para não ser reconhecida por familiares. Em uma noite, ganha entre 150 e 300 dólares, o equivalente ao salário mínimo mensal.
Mas a oferta não se limita a maiores de idade. "A pedofilia no mundo vê uma opção de viajar para cá e ter relações sexuais", denuncia Jazmín Santa, membro da Mesa Intersetorial contra a Exploração Sexual de Meninos e Meninas.
![Jazmín Santa, membro da Mesa Intersetorial contra a Exploração Sexual de Meninos e Meninas - AFP](https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2024/06/21/000_34xd37t-33199564.jpg)
A organização independente registrou 714 vítimas entre 2020 e 2022, baseada em dados da polícia.
Indignação
A notícia gerou uma onda de indignação agravada pela decisão da polícia de libertar Livingston poucas horas depois.
A presidente do sindicato de trabalhadores e trabalhadoras sexuais de Antioquia, Valery P. Ramírez, considera que a resposta da prefeitura é "punitivista e inconstitucional", já que "atenta contra o exercício livre e voluntário do trabalho sexual".
A organização estima que cerca de 1.500 maiores de idade se dedicam a esse ofício no departamento do qual Medellín é capital.
Pedofilia
Mas no amplo catálogo de serviços sexuais que um visitante encontra na rua ou online, se camufla a "exploração sexual comercial" de menores de idade, alerta a pesquisadora.
Estigma
"A grande maioria dos turistas não vem em busca de sexo (...) é claro que temos alguns. Desde que o façam legalmente, nós, na cidade, não podemos fazer nada", explicou o secretário de Turismo, José González, à AFP. A secretaria estima que os visitantes representam 7% do PIB da cidade.
![Secretário de Turismo, José González - AFP](https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2024/06/21/000_34xd37q-33199577.jpg)
Adornada por esculturas do artista Fernando Botero e com um dos sistemas de transporte mais avançados da América Latina, Medellín procura se concentrar no "turismo de saúde, de esportes e os nômades digitais".
Sob o estigma, alguns turistas estão tentando se diferenciar. Carl Manz, um americano de 33 anos que está visitando Medellín para um torneio de futebol americano amador, não ignora a prostituição existe em algumas ruas de onde ele está hospedado: "Se essa é a cultura daqui, eu a respeito. Mas tento cuidar da minha vida", explica ele.
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