edifícios destruídos são retratados em uma área próxima à fronteira da Gaza e IsraelAFP
"Nós vimos pessoas em deslocamento, famílias em deslocamento, pessoas que começaram a empacotar os seus pertences e tentam abandonar esta área", disse a porta-voz da UNRWA, Louise Wateridge, em uma ligação de vídeo a partir de Gaza.
Testemunhas e um correspondente da AFP relataram vários bombardeios durante a manhã em Khan Yunis e suas imediações, no sul do território.
Oito pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas nos ataques israelenses em Khan Yunis e Rafah, segundo uma fonte médica e o Crescente Vermelho.
O Exército israelense anunciou que prossegue com as operações em um bairro da Cidade de Gaza, ao norte, em Rafah, e no centro do território, depois de ordenar na segunda-feira uma nova retirada de áreas do sul, de onde centenas de milhares de palestinos já fugiram dos combates há várias semanas.
Combate difícil
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reconheceu no domingo que o Exército trava um "combate difícil" na Faixa de Gaza, quase nove meses após o início da guerra desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Na data, milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.925 mortos, a maioria civis, em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que está no poder neste território desde 2007.
"Nos aproximamos do final da fase de eliminação do exército terrorista do Hamas", declarou Netanyahu na segunda-feira, depois de afirmar, há mais de uma semana, que a fase "intensa" da guerra estava prestes a terminar.
"Ouvimos Israel falar de uma redução significativa de suas operações na Faixa de Gaza. Isso ainda deve ser visto", reagiu o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken. As negociações para obter um cessar-fogo, no entanto, seguem paralisadas.
Sem lugar para ficar
Os combates, no entanto, se tornaram ainda mais intensos nas últimas semanas em várias regiões que o Exército afirmava controlar, em particular no norte, à medida que a ofensiva continua em Rafah.
As novas ordens de evacuação em vários pontos do sul da Faixa de Gaza foram anunciadas horas depois do lançamento de uma série de foguetes contra Israel, reivindicado pela Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino aliado do Hamas.
No norte, o Exército prosseguiu nesta terça-feira com as operações iniciadas em 27 de junho em Shujaiya, um bairro no leste da Cidade de Gaza onde afirma ter eliminado "vários terroristas".
Um correspondente da AFP observou novos bombardeios na área, assim como em Zeitoun, igualmente na Cidade de Gaza. Entre 60 mil e 80 mil pessoas fugiram nos últimos dias do leste e nordeste da cidade, segundo a ONU.
"Fugimos de Shujaiya. A situação é muito difícil. Não temos nenhum lugar onde ficar. Procuramos água, mas não encontramos", contou um palestino que conseguiu refúgio na zona oeste da localidade.
'Grave erro'
Na segunda-feira, Israel libertou dezenas de prisioneiros palestinos, incluindo o diretor do hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, Mohamed Abu Salmiya, e eles foram levados para centros médicos da Faixa de Gaza.
Abu Salmiya denunciou ter sido submetido a "graves torturas" durante os sete meses de detenção. Netanyahu afirmou que a liberação do diretor do hospital foi "um erro grave" e que o "lugar deste homem, sob cuja responsabilidade nossos reféns morreram e foram retidos, é na prisão".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.