Prisca Theveno, porta-voz do governo MacronLudovic Marin / AFP
Prisca Thevenot, funcionária do governo de centro-direita do presidente Emmanuel Macron, e sua equipe foram atacados na noite de quarta-feira enquanto faziam campanha pela reeleição em Meudon, a sudoeste de Paris.
Ela não ficou ferida no ataque, perpetrado por cerca de vinte pessoas, segundo uma fonte próxima, mas um colaborador e um membro do seu partido tiveram de ser atendidos em um hospital.
Quatro pessoas, incluindo três menores, foram detidas, indicou a Procuradoria de Nanterre, a oeste de Paris, sem especificar as motivações do incidente.
Thevenot, filha de imigrantes das Maurícias, havia alertado horas antes para o "aumento de declarações e ataques racistas".
"Tenho medo", acrescentou à rede TF1, como "mãe de dois filhos mestiços".
O ataque não foi o único em plena crise política desde a inesperada antecipação das legislativas marcadas para 2027 por Macron, após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias de 9 de junho.
A candidata de esquerda em Paris, Danielle Simonnet, denunciou que na noite de terça-feira "militantes de extrema direita" atacaram três de seus apoiadores que fixavam cartazes eleitorais na zona oeste da capital.
Na Saboia, sudeste da França, a candidata de extrema direita Marie Dauchy relatou que um comerciante a atacou agressivamente em um mercado.
A menos de um mês dos Jogos Olímpicos, o governo se prepara para possíveis tumultos a partir de domingo à noite, quando serão conhecidos os resultados das legislativas, sem identificar claramente os riscos devido a natureza incerta da votação.
'Partido único'
O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados obtiveram então um terço dos votos, à frente da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP, 28%) e da aliança de centro-direita de Macron (20%).
Para evitar uma maioria absoluta da extrema direita, que a levaria ao poder pela primeira vez desde a libertação da França da Alemanha nazista, a esquerda e o partido no poder criaram uma "frente republicana".
Este princípio implica a retirada do "republicano" com menos chances de vencer nas circunscrições onde candidatos de ambas as alianças se qualificaram para o segundo turno junto com um candidato de extrema direita, em uma posição de força.
A maioria absoluta é de 289 deputados e, segundo as projeções da Toluna Harris Interactive divulgadas na quarta-feira, a estratégia da "frente republicana" alcançaria seu objetivo de bloquear a ascensão da extrema direita.
Segundo este instituto de pesquisas, o RN e os seus aliados obteriam entre 190 e 220 deputados, seguido pela coalizão de esquerda (159-183), pelo partido no poder (110-135) e pelo setor do partido de direita Os Republicanos não alinhado à Le Pen (30-50).
Isso representa uma mudança de cenário em relação às primeiras projeções antes dos acordos que não descartavam maioria absoluta para o RN. Le Pen considerou nesta quinta-feira que ainda pode ser alcançada "se o eleitorado fizer um último esforço".
"O grande sonho de Emmanuel Macron é o partido único (…) daqueles que querem manter o poder contra a vontade do povo", acrescentou a líder da extrema direita à rede BFMTV, sobre a "frente republicana".
Se as projeções se confirmarem, a França não terá uma maioria clara para formar um governo. A hipótese de uma "grande coalizão" contra o RN parece complicada, diante de divergências entre o partido no poder e a ala radical do NFP.
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