Em 1899, a marca foi registrada em Berlim e, dois anos mais tarde, aconteceu a primeira venda no BrasilReprodução / Internet

O ácido acetilsalicílico, também conhecido popularmente por AAS ou aspirina, completa 125 anos em 2024 e, mesmo após essa longa trajetória, é objeto de cerca de 1.500 estudos científicos anualmente. O fármaco se tornou referência na medicina para o alívio de diversos tipos de dores, além de um importante aliado para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.

A substância foi sintetizada pela primeira vez em 10 de agosto de 1897, quando o químico alemão Felix Hoffmann pesquisava nos laboratórios da Bayer por um medicamento para dores reumáticas que fosse mais tolerado por pacientes, como o seu pai, que sofriam com o gosto amargo e as irritações estomacais provocados pelo tratamento com ácido salicílico, recomendado pelos médicos na época. Logo, ele percebeu que a combinação com o radical acetil reduzia os aspectos negativos e mantinha o poderoso efeito analgésico.

Em 1899, a marca Aspirina foi registrada em Berlim e iniciou-se a produção do medicamento. Dois anos mais tarde, aconteceu a primeira venda do fármaco no Brasil. Graças à sua ação analgésica, tornou-se muito usado para o tratamento de febres, dores e inflamações. Até hoje, é referência para quem busca aliviar um desses sintomas.

Diferentes apresentações e combinações

Desde que surgiu, como um remédio em pó disponível nas farmácias e vendido em embalagens de papel com 1g, a Aspirina também não parou de se reinventar. Logo em seguida, o princípio ativo foi compactado em comprimidos de 500 mg, o que ajudou em sua popularização. Com o passar dos anos, foi combinada com outras substâncias – como a cafeína e o ácido ascórbico – e surgiu em diferentes formatos, como o comprimido efervescente.
Pesquisas médicas também comprovaram outros benefícios propiciados pelo ácido acetilsalicílico, como a ação inibidora da agregação plaquetária, e sua importância para prevenção de eventos cardiovasculares, como infarto e AVC.
Hall da fama

A Aspirina está presente no Hall da Fama no Museu Nacional Smithsonian de História Americana, em Washington D.C., e na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde. Ao mesmo tempo, o ácido acetilsalicílico continuou a desempenhar um papel fundamental na investigação moderna: somente o banco de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI) contabiliza mais de 56 mil estudos sobre o fármaco.
"A Aspirina sempre foi, ainda é e sempre será uma referência em saúde ao redor do mundo. É um grande exemplo por sua história, mas também apontar para o futuro pela capacidade de reinvenção da marca", ressalta Cristina Hegg, Diretora de Marketing do negócio de Consumer Health na Bayer.

Curiosidades

- O termo 'Aspirina' vem do prefixo grego a (que significa 'sem') e do nome da planta spiraea ulmaria, de cujas flores é obtido o ácido acetilsalicílico.

- A palavra tornou-se substantivo em 1936, quando foi aceita pela Real Academia Espanhola de Línguas.

- A Aspirina foi mencionada em mais de 100 obras literárias, como por exemplo Crônica de uma Morte Anunciada, livro do escritor espanhol Gabriel García Márquez: 'Eu a acordei quando ela tentou procurar uma aspirina no armário de remédios do banheiro.'

- O cantor Juan Luis Guerra em duas de suas músicas mais populares cita o medicamento: "a bilirrubina sobe e não tira nem a Aspirina".

- O famoso criador e diretor de cinema Woody Allen escreveu em 1969 a peça "Aspirina para Dois".

- No filme Psicose, a personagem chamada Caroline, interpretada por Patricia Hitchcock – filha de Alfred Hitchcock – diz: "Eu tenho uma coisa – não Aspirina. O médico da minha mãe me deu no dia do meu casamento".

- Em 1950, a Aspirina foi reconhecida como a droga mais vendida no mundo pelo Guinness Book of World Records.

- Segundo uma pesquisa realizada pela Newsweek em 1996, existem 5 invenções do século XX sem as quais não se poderia viver: o carro, a lâmpada, o telefone, a televisão e a Aspirina.

- De acordo com um estudo publicado em março de 2017 na revista Nature, há 49 mil anos, os Neandertais mastigavam casca de choupo, uma fonte natural de ácido salicílico, o ingrediente analgésico da aspirina, para aliviar a dor.

- A primeira menção ao uso do ácido acetilsalicílico encontra-se nos textos de Hipócrates (460-370 a.C.), pai da medicina grega, que utilizava uma mistura extraída das folhas e da casca do salgueiro Salix Latinum para aliviar as dores e a febre de seus pacientes.

- Em 1969, uma caixa de Aspirina voa para a lua na Apollo 11.

- Em 1977, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publica a sua primeira Lista de Medicamentos Essenciais e lista Aspirina como analgésico essencial. Em 4 de maio de 2005, a Aspirina é declarada medicamento essencial pela OMS.

- 1982: Sir John Vane ganha o Prêmio Nobel por sua pesquisa sobre Aspirina. Em 1971, o cientista britânico descobriu que o princípio ativo da Aspirina inibe a produção de prostaglandinas (substâncias que transmitem dor) pelo organismo. Onze anos depois, ele recebeu o Prêmio Nobel.