Joe Biden e Benjamin Netanyahu no Salão Oval da Casa Branca em 25 de julho de 2024 em Washington, DCAFP
Ambos os líderes mostraram sorrisos diante das câmeras ao se reunirem no Salão Oval, quatro dias depois de Biden, de 81 anos, anunciar que desistiria da corrida pela reeleição.
"De um orgulhoso judeu sionista a um orgulhoso sionista irlandês-americano, quero agradecer pelos 50 anos de serviço público e pelos 50 anos de apoio ao Estado de Israel", disse Netanyahu em homenagem a Biden no início da reunião.
"E estou ansioso para conversar com você hoje e trabalhar com você nos próximos meses", acrescentou.
Mas Netanyahu, de 74 anos, também tem uma reunião em separado prevista com a vice-presidente e provável candidata presidencial democrata Kamala Harris, evidenciando a nova realidade política nos Estados Unidos.
Harris foi franca sobre Gaza no passado e especula-se que ela poderia adotar uma postura mais dura em relação a Israel, embora fontes governamentais neguem discrepâncias entre ela e Biden.
A Casa Branca afirma que Biden continuará pressionando para conseguir um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns entre Israel e o Hamas.
Estima-se que Netanyahu não esteja fechado a um acordo, apesar do inflamado discurso diante do Congresso dos Estados Unidos na quarta-feira, no qual prometeu uma "vitória total" contra o Hamas.
Biden reiterará ao primeiro-ministro que "acredita que precisamos alcançar um acordo, e precisamos alcançá-lo em breve", declarou aos jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.
"Podemos chegar a um acordo, mas isso vai exigir, como sempre, certa liderança, certo compromisso e um esforço para consegui-lo", acrescentou.
Biden e Netanyahu se reuniram posteriormente com as famílias dos reféns americanos retidos em Gaza, muitas das quais pediram a Netanyahu um acordo de cessar-fogo.
Nas proximidades da Casa Branca, um grupo de manifestantes gritou palavras de ordem contra a visita após a polêmica desencadeada por uma manifestação na véspera.
Harris qualificou como "desprezível" e "antipatriótica" a queima de uma bandeira americana por manifestantes, depois que os republicanos acusaram os democratas de serem pró-Hamas.
"Lacunas finais"
Mas as discordâncias não impediram um apoio militar constante.
Em um discurso na quarta-feira para explicar por que se retirou das eleições presidenciais dos Estados Unidos, Biden deixou claro que o conflito entre israelenses e palestinos continua sendo uma prioridade máxima.
Um funcionário do governo americano afirmou na quarta-feira que as negociações para um acordo sobre Gaza estão nas "etapas finais" e que Biden tentará fechar algumas "lacunas finais" com Netanyahu.
"É demais"
Netanyahu se encontrará na sexta-feira com o candidato republicano Donald Trump em sua residência de Mar-a-Lago na Flórida.
O ex-presidente instou na manhã de quinta-feira Israel a "terminar" rapidamente a guerra em Gaza.
"É preciso acabar com isso rápido. Não pode continuar assim. Está durando demais. É demais", disse Trump à Fox News.
Biden ofereceu a Israel um firme apoio desde 7 de outubro, inclusive abraçando Netanyahu no aeroporto de Tel Aviv poucos dias após os ataques.
Mas o presidente americano se tornou cada vez mais crítico a Israel pelo número de mortes palestinas em sua ofensiva em Gaza e pelas restrições à quantidade de ajuda humanitária que chega ao devastado território.
O ataque do Hamas em 7 de outubro provocou a morte de 1.197 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 111 continuam em cativeiro na Faixa de Gaza, incluindo 39 que o Exército acredita que estejam mortas.
A ofensiva militar de Israel contra Gaza matou mais de 39 mil palestinos, também em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.
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