Ex-presidente Donald Trump (à esquerda) e Kamala Harris, atual vice-presidente (à direita)Angela Weiss/AFP e Brendan Smialowski/AFP

A tensão entre Kamala Harris e Donald Trump aumentava, com uma troca de acusações entre os dois durante a campanha eleitoral norte-americana.

Enquanto a vice-presidente acusou o candidato republicano de arrastar o país para "um passado obscuro", o magnata afirmou que os democratas tiraram Joe Biden da disputa para colocar em seu lugar uma possível candidata "lunática" e "mentirosa".

Em mensagem na rede social X, Kamala disse estar preparada para debater com Trump, e acusou o adversário de recuar após concordar com um debate em 10 de setembro.

Trump, por sua parte, esclareceu mais tarde que seria "inoportuno" realizar o debate até que a vice-presidente seja nomeada oficialmente candidata democrata na convenção do partido em agosto.

"Os democratas ainda podem mudar de ideia", disse o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, em nota. O que está certo é que as trocas de acusações entre os dois continuam.

O programa dos republicanos "é um plano para devolver os Estados Unidos a um passado obscuro", disse Kamala à Federação Americana de Professores, reunida em Houston.

"Trump e seus aliados extremistas querem levar nossa nação de volta a políticas econômicas fracassadas, à luta contra os sindicatos, à volta das isenções fiscais para os bilionários", acrescentou a candidata democrata, que deve ser oficialmente indicada na convenção do partido em agosto.

A ex-senadora e ex-procuradora de 59 anos defendeu os sindicatos, que "ajudaram a construir a classe média americana". Os democratas, disse ela, querem educação e saúde para todos e apoiam o controle de armas e o direito ao aborto.

Apoio latino
"Nós queremos banir armas de assalto e eles querem banir livros", declarou Kamala. A democrata publicou nesta quinta seu primeiro vídeo de campanha, no qual clama por "liberdade". Como trilha sonora, usou a canção "Freedom" (Liberdade), de Beyoncé, que raramente cede suas músicas.

E ganhou outro apoio importante, o da sindicalista, feminista e ambientalista Dolores Huerta, muito influente entre os eleitores hispânicos.

"Donald Trump representa um grave perigo para as causas pelas quais lutei durante toda a minha vida. Mas Kamala Harris acredita, como eu, que os Estados Unidos são tão grandes quanto as oportunidades que criamos e as liberdades que proporcionamos a cada americano", diz Huerta em um comunicado.

Assim, Dolores entra para uma longa lista de grupos e congressistas latinos que apostam na vice-presidente. Por sua vez, Trump, que adora colocar apelidos, a chama de "Kamala, a mentirosa".

Em declarações à Fox News, afirmou que a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e o ex-presidente Barack Obama conspiraram nos bastidores contra Biden e o derrubaram.

Pareciam gentis na televisão apoiando Biden, disse o republicano, "mas nos bastidores [...] foram brutais" com ele. "Estavam tentando dar um golpe de Estado", declarou.

Joe Biden explicou na quarta a seus compatriotas que desistiu de se candidatar a um segundo mandato pela "defesa da democracia" e para dar lugar a "vozes jovens", após semanas de pressão dos democratas devido a dúvidas sobre seu estado físico e sua agilidade mental.

'Tias dos gatos'
O republicano, 78, concentra agora seus ataques em Kamala e diz que ela é "pior" do que Biden. Em discurso antiaborto feito ontem, durante um comício na Carolina do Norte, ele a acusou de defender "a execução de bebês".

Seu companheiro de chapa, J.D. Vance, foi criticado hoje pela atriz Jennifer Aniston, por ter falado de "tias dos gatos sem filhos, solitárias e infelizes", referindo-se ao fato de Kamala não ter filhos.

A atriz do seriado "Friends", que reconheceu publicamente ter vivido um calvário tentando engravidar, respondeu ao senador no Instagram: "De verdade, não posso acreditar que isso venha de um potencial vice-presidente dos Estados Unidos."

'Czarina da fronteira'
Vários republicanos, como o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, pediram nesta semana aos membros do partido que se concentrem na trajetória política de Kamala, e não em seu gênero ou cor de pele, informou a imprensa norte-americana.

Com seis votos favoráveis de democratas, os republicanos aprovaram nesta quinta, na Câmara, uma resolução crítica ao trabalho de Kamala Harris como encarregada da luta contra a imigração irregular.

A vice-presidente é chamada de "czarina da fronteira" pelo texto simbólico, que não causará repercussões na política migratória. Em uma nova pesquisa do New York Times/Siena College, Trump e Kamala estão empatados nas intenções de voto.