Bryan Nichols, subsecretário de Estado americano para o Hemisfério OcidentalAFP

Um funcionário de alto escalão do governo dos Estados Unidos deu um novo passo na quarta-feira (31) na pressão do seu país contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro, ao afirmar que o candidato da oposição, Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor das eleições de domingo, altamente questionadas pela comunidade internacional.
Bryan Nichols, subsecretário de Estado americano para o Hemisfério Ocidental, fez esta declaração durante uma reunião do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), que rejeitou uma resolução que exigia transparência com os resultados destas eleições.
Nichols ratificou os registros eleitorais compartilhados na Internet pela sociedade civil e organizações da oposição, que afirma ter sofrido uma fraude.
"A tabulação destes resultados detalhados mostra claramente uma verdade irrefutável: Edmundo Gónzalez Urrutia venceu com 67% desses votos, em comparação com 30% de Maduro", disse o responsável americano. "E simplesmente não há votos suficientes nas atas de recontagem restantes para superar esse déficit".
No domingo, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), de linha governista, anunciou a reeleição do governante socialista com 51% dos votos contra 44% do candidato da oposição. A organização não mostrou, no entanto, as atas das assembleias de voto que sustentam estes resultados.
A Casa Branca havia declarado na quarta-feira que a sua paciência com a Venezuela estava acabando, mas as palavras de Nichols representaram um súbito endurecimento da posição do país americano.
Na OEA, o diplomata acusou o governo venezuelano de não querer compartilhar as atas, como exige a comunidade internacional e a própria lei venezuelana, para esconder a sua derrota.
"Ou sabem que os resultados reais mostram que Edmundo González venceu claramente as eleições e não querem compartilhar os resultados. Ou sabem que os resultados reais mostram que Edmundo González venceu claramente as eleições e a CNE de Maduro precisa de tempo para preparar resultados falsificados para apoiar sua falsa declaração", disse ele.
Nichols falou em um momento de tensão, depois de o Conselho Permanente da OEA ter rejeitado, em grande parte devido ao apoio dos micro-Estados caribenhos a Maduro, uma declaração para exigir transparência da Venezuela.
A resolução do órgão de 34 países americanos não obteve os 18 votos da maioria absoluta, mas 17 votos a favor, zero contra e 11 abstenções.
A proposta de texto exigia, entre outras coisas, que o CNE "publicasse imediatamente os resultados das eleições presidenciais ao nível de cada centro de votação", assim como "uma verificação abrangente dos resultados na presença de observadores internacionais para garantir transparência, credibilidade e legitimidade" das eleições.
Entre os que optaram pela abstenção, destacaram-se Brasil e Colômbia, que solicitaram ao governo Maduro a publicação dos documentos eleitorais.
Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos, Peru e Uruguai fizeram parte dos 17 países que votaram a favor em um evento em que faltaram cinco países, incluindo o México.