Nicolás MaduroAFP
EUA alerta Maduro sobre maior pressão internacional se líderes opositores forem presos
União Europeia, Estados Unidos e países latino-americanos, como Argentina, Peru, Equador e Uruguai, acreditam que González Urrutia venceu a eleição
O embaixador dos Estados Unidos na OEA, Francisco Mora, advertiu o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nesta quinta-feira (8), que ele enfrentará pressão internacional "que não poderia imaginar" se as autoridades prenderem os líderes da oposição María Corina Machado e Edmundo Gonzalez Urrutia.
"Se Maduro decidir fazer isso, a comunidade internacional será ativada de uma forma que ele não poderia imaginar, e acho que seus esforços para fraturar e dividir a comunidade internacional terão fracassado totalmente", disse o embaixador da Organização dos Estados Americanos ao Atlantic Council, um grupo de reflexão com sede em Washington.
"Acredito que seria um passo que poderia mobilizar ainda mais a comunidade internacional, mesmo aqueles que de alguma forma simpatizam e não querem agitar muito as coisas na Venezuela", disse Mora.
O embaixador advertiu que se espera que os Estados Unidos adotem uma resolução mais forte na OEA se Maduro prender seus opositores.
Os Estados Unidos, a União Europeia e países latino-americanos, como Argentina, Peru, Equador e Uruguai, acreditam que González Urrutia venceu a eleição, e até mesmo muitos governos aliados a Maduro, como o Brasil, pediram que ele entregasse as atas da votação.
O presidente venezuelano, por sua vez, pediu a prisão de González Urrutia e Machado, enquanto ele foi à Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), acusado de servir ao chavismo, para certificar sua vitória, através de um processo que acadêmicos e dirigentes políticos consideram insustentável.
González Urrutia, que representa a líder inabilitada Machado, desafiou a intimação do TSJ na quarta-feira depois de denunciar fraude e alegar ter provas de que venceu as eleições de 28 de julho.
A oposição publicou em um site cópias de mais de 80% das atas de votação que, segundo eles, comprovam sua vitória. O chavismo nega a validade desses documentos.
Até o momento, o governo de Joe Biden não tomou nenhuma medida concreta contra Caracas, enquanto os governos do Brasil, Colômbia e México estão tentando mediar uma solução para a crise na Venezuela.
Washington quer dar aos três países "espaço e oportunidade para trabalhar e encontrar um caminho a seguir" nesse contexto, disse Mora.
No entanto, ele insistiu que a Venezuela é uma prioridade para os Estados Unidos: "Não abandonaremos o povo venezuelano", afirmou.
"Não vamos simplesmente dizer 'estamos cansados, estamos distraídos, vamos encontrar uma saída para isso que não leve em conta o povo venezuelano e as forças democráticas da Venezuela'. Não faremos isso", disse o embaixador.
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