Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de IsraelAbir Sultan / AFP
Israel aumenta ordens de refúgio em Gaza após ataque à escola que deixou cerca de 100 mortos
O governo do país tem ordenado repetidamente evacuações em massa na região afetada pela guerra, que já dura 10 meses
O exército de Israel ordenou mais evacuações no sul de Gaza no início deste domingo (11) depois que um ataque aéreo mortal em uma escola transformada em abrigo no norte matou cerca de 100 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde locais. O governo israelense disse que o ataque teve como alvo um posto de comando de militantes, matando 19 combatentes.
Israel tem ordenado repetidamente evacuações em massa à medida que suas tropas retornam a áreas altamente destruídas onde anteriormente lutavam contra terroristas palestinos. A grande maioria da população de Gaza, de 2,3 milhões de pessoas, foi deslocada pela guerra diversas vezes.
Centenas de milhares de pessoas se amontoaram em acampamentos miseráveis com poucos serviços públicos ou buscaram abrigo em escolas como a que foi atingida no sábado (10). Os palestinos dizem que nenhum lugar do território sitiado é seguro.
As últimas ordens de evacuação se aplicam a áreas em Khan Younis, incluindo parte de uma zona humanitária declarada por Israel, de onde os militares disseram que foram disparados foguetes. Israel acusa o Hamas e outros militantes de se esconderem entre os civis e lançarem ataques de áreas residenciais.
Khan Younis, a segunda maior cidade de Gaza, sofreu uma destruição generalizada durante uma ofensiva aérea e terrestre no início deste ano. Dezenas de milhares de pessoas fugiram novamente na semana passada, após uma ordem de evacuação anterior.
Centenas de famílias, carregando seus pertences nos braços, deixaram suas casas e abrigos no início do domingo (11), em busca de um refúgio.
"Não sabemos para onde ir", disse Amal Abu Yahia, mãe de três filhos, que havia retornado a Khan Younis em junho para se abrigar em sua casa gravemente danificada. "Este é meu quarto deslocamento", disse a viúva de 42 anos, cujo marido foi morto quando um ataque aéreo israelense atingiu a casa de seus vizinhos em março.
Ela disse que eles foram para Muwasi, um amplo acampamento de barracas ao longo da costa, mas não conseguiram encontrar nenhum espaço.
Ramadan Issa, um pai de cinco filhos na casa dos 50 anos, fugiu de Khan Younis com 17 membros de sua família, juntando-se a centenas de pessoas que caminhavam em direção ao centro de Gaza no início do domingo (11).
"Toda vez que nos estabelecemos em um lugar e construímos tendas para mulheres e crianças, a ocupação vem e bombardeia a área", disse ele, referindo-se a Israel. "Essa situação é insuportável".
O Ministério da Saúde de Gaza diz que o número de mortos palestinos na guerra de 10 meses está se aproximando de 40 mil, sem dizer quantos eram combatentes. Os grupos de ajuda humanitária têm se esforçado para lidar com a impressionante crise humanitária no território, enquanto especialistas internacionais alertam sobre a fome.
A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas romperam as defesas de Israel em 7 de outubro de 2023 e invadiram comunidades agrícolas e bases do exército perto da fronteira, matando cerca de 1,2 mil pessoas (a maioria civis) e sequestrando cerca de 250 pessoas.
Os Estados Unidos, o Egito e o Catar passaram meses tentando mediar um cessar-fogo e o retorno dos cerca de 110 reféns restantes, cerca de um terço dos quais as autoridades israelenses acreditam estar morto. Enquanto isso, o conflito ameaçou desencadear uma guerra regional, já que Israel trocou tiros com o Irã e seus aliados militantes em toda a região.
O ataque de sábado (10) atingiu uma mesquita dentro de uma escola na Cidade de Gaza, onde milhares de pessoas estavam abrigadas. O Ministério da Saúde de Gaza disse que 80 pessoas foram mortas e cerca de 50 ficaram feridas. O exército israelense contestou o número de mortos e disse que matou 19 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica em um ataque preciso, divulgando o que disse serem seus nomes e fotos.
O Hamas e ativistas palestinos contestaram as afirmações dos militares, dizendo que dois dos 19 haviam sido mortos em ataques anteriores e que os outros eram conhecidos como civis ou opositores do Hamas.
A Cidade de Gaza e o restante do norte estão cercados pelas forças israelenses e, em grande parte, isolados do mundo desde o final do ano passado, e não foi possível confirmar de forma independente os relatos de ambos os lados.
O escritório de direitos humanos da ONU afirma que Israel tem realizado "ataques sistemáticos a escolas", que têm servido como abrigos desde o início da guerra, com pelo menos 21 atingidas desde 4 de julho, deixando centenas de mortos, incluindo mulheres e crianças.
Os líderes europeus condenaram o ataque, enquanto os EUA disseram estar preocupados com os relatos de vítimas civis. A vice-presidente Kamala Harris, falando aos repórteres que viajavam com ela em Phoenix, Arizona, no sábado, disse: "Mais uma vez, muitos civis foram mortos".
"Precisamos de um acordo com os reféns e precisamos de um cessar-fogo", disse ela. "O acordo precisa ser feito e precisa ser feito agora."
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