Os visitantes tem três minutos para fazer perguntas, ouvir ou, simplesmente, ficar em silêncioReprodução / Instagram

A australiana Emily Lahey, de 32 anos, que luta contra um câncer terminal, decidiu leiloar o que considera seu bem mais precioso: o tempo. No Carriageworks, um dos maiores espaços de arte contemporânea de Sydney, na capital do país, ela recebe visitantes na exposição "Time to Live" (Tempo para viver, em português). O projeto, organizado pela Fundação Australiana de Pesquisa sobre Câncer (ACRF), tem como objetivo arrecadar fundos para estudos de combate à doença.
"Eu costumava acreditar que tinha todo o tempo do mundo. Não há como saber quanto tempo eu realmente tenho", disse a australiana.


Na exposição, que custa entre 50 a 500 dólares australianos (180 a 1,8 mil reais), os participantes tem a oportunidade de passar três minutos ao lado de Emily, enquanto um relógio digital gigante na parede conta o tempo restante. Durante esse momento, ela se coloca disponível para responder a perguntas, contar sua história ou simplesmente ficar em silêncio.
Lahey afirmou, em um comunicado do projeto, qual mensagem pretende passar. "Espero que eles consigam se lembrar de mim pela pessoa que sou fora do câncer", disse.
A australiana Emily Lahey - Reprodução / Internet
A australiana Emily LaheyReprodução / Internet


Emily foi diagnosticada em 2019, aos 27 anos, com um carcinoma NUT de cavidade nasal, tipo de tumor agressivo no seio da face e no osso do crânio. Inicialmente, os médicos acreditavam que os sintomas eram de sinusite, mas a perda de visão no olho esquerdo levou à descoberta do tumor. O tratamento convencional, como a quimioterapia, não teve sucesso, e a doença se espalhou. Hoje, ela sobrevive graças a um tratamento experimental obtido nos Estados Unidos, e que não é disponível na Austrália, seu país natal.
O sequenciamento genômico renderam a Emily três anos inesperados. Ela afirmou que está se "equilibrando no limite da vida" e contou como lida com essa perspectiva.  "Eu tenho uma lista de vida. Não uma lista de desejos, mas uma lista de vida, e consegui tirar várias dessas coisas”, disse.
A Fundação Australiana de Pesquisa sobre Câncer (ACRF), instituição fundada em 1984, busca financiar pesquisas de ponta para a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer. O projeto "Time to Live" foi idealizado por David Gibson e Nathan Lennon, que, junto à equipe de arrecadação de fundos da ACRF e à própria Emily, desenvolveram a ideia como uma maneira de destacar a importância das pesquisas.

Ao final da experiência, Emily entrega um cartão para os visitantes com uma frase emblemática: "Eu te dei o meu tempo. Agora é sua vez de dar esse presente a outra pessoa."