Trump ataca Kamala em primeiro comício ao ar livre desde tentativa de assassinatoAFP

Por trás de uma estrutura de vidro blindado, Donald Trump afirmou nesta quarta-feira (21) que milhões de empregos "vão desaparecer da noite para o dia" se Kamala Harris vencer as eleições presidenciais de novembro, em seu primeiro comício ao ar livre desde que sofreu uma tentativa de assassinato, no mês passado.

"As economias de toda a sua vida vão desaparecer por completo", previu o candidato republicano no museu da aviação de Asheboro, tendo ao fundo o barulho de aviões de guerra.

"Se a camarada Kamala vencer em novembro, a Terceira Guerra Mundial está praticamente garantida", insistiu Trump, acrescentando que a adversária é "a pessoa de esquerda mais radical" que já disputou a Casa Branca.

"Ela quer fronteiras abertas. Se for presidente, em quatro anos" haverá entre "60 milhões e 70 milhões" de imigrantes de todo o mundo, disse Trump, cuja retórica contra a imigração tornou-se uma marca de sua campanha.

O republicano, 78, prometeu que fará com que o país "volte a ser forte e grande", e ressaltou que é capaz de evitar uma guerra com um telefonema.

"Vamos devolver a paz ao mundo e, acima de tudo, posso fazê-lo com um telefonema" para alertar o país que, se entrar em guerra, não poderá "fazer negócios nos Estados Unidos" e pagará "taxas de 100%".

O Serviço Secreto recomendou que Trump deixasse de participar de atos públicos ao ar livre. Acostumado a multidões, ele vinha fazendo comícios em locais fechados.

O ex-presidente mostrou-se tranquilo hoje. Em determinado momento, ele deixou o palanque e se aproximou da multidão para observar uma pessoa que parecia passar mal.

Estados-chave
O bilionário faz campanha nesta semana em estados-chave, com o objetivo de frear a projeção de Kamala Harris. A vice-presidente recebeu ontem o apoio formal dos delegados democratas, tornando-se a primeira mulher negra candidata à presidência do país.

Desde que o presidente Joe Biden desistiu de concorrer à reeleição, Kamala levou esperança ao partido e mobilizou multidões de até 10 mil pessoas em seus comícios, além de impulsionar a arrecadação de fundos.

O que mais preocupa Trump, porém, é a virada nas pesquisas, nas quais a democrata aparece com uma leve vantagem em alguns estados-chave. A Carolina do Norte é um desses sete estados onde a disputa é acirrada, e que devem decidir o resultado das eleições de 5 de novembro.

Restam mais de dois meses de campanha e a sorte não está lançada para nenhum dos candidatos, que terão de lutar para conquistar o voto dos jovens, dos independentes ou indecisos e das minorias, sobretudo latinos e afro-americanos.

Alguns republicanos recomendam que Trump se concentre em seu programa de governo e deixe de lado os ataques pessoais à adversária. O republicano queixou-se hoje de que os democratas estão obcecados por ele e instrumentalizam a Justiça, que o condenou em maio em um processo criminal e abriu outras causas contra o magnata.